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Autoria
Razmig Pounardjian
Razmig Pounardjian

A anatomia de uma correção no mercado acionista

No meu último post, uma das minhas previsões era que o índice de ações S&P 500 cairia 10% nalgum momento de 2022. Tinha esperança de estar errado e não esperava que acontecesse tão cedo. Este é o declínio de 10% mais rápido, no início de um ano, de todos os tempos. Considerando a força do sell-off, vamos fazer um balanço do que está a acontecer:

Esta correção é assim tão má?

Abaixo está uma tabela que mostra a queda atual do S&P 500, NASDAQ e Russell 2000 (ações de pequena capitalização):

A queda é ainda pior em ações que beneficiaram do efeito COVID. Abaixo estão os drawdowns atuais (quedas desde os máximos) e os retornos YTD dos “queridos” do COVID:

Por que motivo está o mercado a cair?

Estou convicto que a queda atual se deve a alguns fatores: receio de taxas de juro mais elevadas/inflação persistente e avaliações exageradas no mercado acionista. A inflação continua teimosamente alta e os investidores estão preocupados que os preços mais altos para indivíduos e empresas façam abrandar a economia.

A Reserva Federal indicou que aumentará as taxas de juro em 2022 e isso está a causar uma reavaliação dos preços das ações, especialmente aquelas que estão a crescer mais depressa e onde os lucros estão mais distantes, no futuro. Os investidores avaliam as ações com base numa taxa de desconto de lucros futuros e, se essa taxa aumentar, fará com que a sua avaliação seja mais reduzida.

Como o mercado subiu de uma forma relativamente constante nos últimos três anos (veja os retornos de 2018-2021 no primeiro gráfico), as avaliações das ações ficaram mais caras e às vezes os mercados precisam de cair apenas porque subiram muito.

Com que frequência é que isso acontece?

Abaixo está um dos meus gráficos favoritos que mostra com que frequência o mercado acionista cai a cada ano, de 1928 a 2021:

As correções de mais de 10% são frequentes e tipicamente ocorrem a cada dois anos. Os bear markets (mais de 20% de queda) acontecem uma vez a cada 4 anos e os crashes (mais de 30% de queda) acontecem uma vez a cada sete anos. De notar que, no ano passado, a maior queda no mercado acionista foi de cerca de 5%. Este tipo de tranquilidade não é a norma.

O que devo fazer?

Obviamente, cada situação é diferente, mas vou dizer o que não devemos fazer: vender e ficar em dinheiro. Ficar em dinheiro durante uma correção de mercado pode prejudicar os retornos de longo prazo e o crescimento da nossa carteira porque, se não estivermos investidos, não beneficiaremos da recuperação do mercado. Isto recorda-me uma das minhas citações de investimento favoritas de Peter Lynch: “O segredo para ganhar dinheiro com ações é não ter medo delas”.

Quando é que isto vai acabar?

Ninguém toca um sino quando o mercado bate no fundo, mas há alguns sinais que mostram que a venda pode esgotar-se em breve. O VIX (que é uma medida de volatilidade e medo no mercado) está agora no seu nível mais alto, desde outubro de 2020:

O VIX é um bom indicador futuro para ganhos no mercado acionista, pois quanto mais medo há no mercado, mais provável é que os vendedores tenham entrado em pânico e vendido. O sentimento dos investidores também está próximo de um extremo, já que a percentagem de investidores otimistas em relação ao mercado está perto do mínimo de cinco anos.

Somando tudo isso, estou convencido que o proverbial “sangue” corre pelas ruas.

Dá-me algo a que me agarrar!

Morgan Housel tem uma ótima analogia no que diz respeito a quedas no mercado acionista. Ele compara esses recuos a uma “taxa” que temos que pagar para conseguir ganhos de longo prazo:

Não podemos evitar as correções do mercado de ações ou bear markets, temos que suportá-los. Para quem não está reformado e quer reforçar o seu portfólio, preços mais baixos são uma boa coisa.

As correções de mercado parecem sempre piores no momento do que em retrospetiva. Teremos sempre preocupações e motivos para vender, mas ter um horizonte de investimento de longo prazo ajuda-nos a perceber que estes tipos de queda são uma parte natural do investimento no mercado.

Obrigado por ler!

Raz


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