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Morgan Housel escreve no Blog "Collaborative Fund". É sempre um prazer ler e partilhar os seus ensaios:

Nada do que aconteceu antes tinha que acontecer ou acontecerá, obrigatoriamente, outra vez. É por isto que os historiadores não são profetas.

Guerras, expansões económicas, depressões, descobertas, nada disto foi inevitável.

Aconteceram e continuarão a acontecer das mais variadas formas.

No entanto, os eventos específicos que moldam a História são sempre eventos de baixa probabilidade. A surpresa que causam é que deixa marcas. E foram surpreendentes exatamente porque não eram inevitáveis. Muitas coisas tiveram que correr bem (ou mal) para fazer pender a balança naquilo que não é mais que um enxame aleatório de oito biliões de pessoas que apenas querem chegar ao fim do dia.

O problema, quando estudamos eventos históricos, é que sabemos como a história acaba e é impossível ignorarmos aquilo que sabemos hoje. É difícil imaginar caminhos alternativos na História quando o caminho realmente percorrido já é conhecido. É por isto que as coisas parecem mais inevitáveis do que realmente o foram.

Permitam-me contar agora uma história sobre a Grande Depressão:

“Depois do boom vem o bust” é o mais próximo de uma lei económica que temos. Estudamos a história e as calamidades que se seguiram aos loucos anos 20, finais dos anos 90 e inícios de 2000 parecem mais que óbvias. Parecem inevitáveis.

Em outubro de 1929 – no pico da mais louca bolha acionista da história e na véspera da Grande Depressão – o economista Irving Fisher declarou solenemente que “as ações atingiram o que aparenta ser um permanente nível elevado”.

Ouvimos isto hoje e rimo-nos. Como é possível que alguém tão inteligente seja tão cego perante algo tão inevitável? Se seguirmos a regra, quanto mais alto subirmos, pior será a queda, a Grande Depressão deveria ter sido óbvia.

Fisher era um homem inteligente e não foi o único a fazer tais declarações.

Numa entrevista há alguns anos, perguntei a Robert Schiller, que ganhou um Nobel pelo seu trabalho em bolhas, acerca da inevitabilidade da Grande Depressão. Ele respondeu:

“Bem, ninguém a previu. Zero. Ninguém. Havia, claro, quem dissesse que o mercado estava sobrevalorizado. Mas, se olhássemos para o que eles disseram, queriam dizer que uma depressão estava a caminho? Uma depressão que duraria uma década? Ninguém previu isso.

Pedi a vários historiadores económicos que me dissessem o nome de alguém que previu a Depressão e o resultado foi zero.”

Isto causou-me uma profunda impressão. Aqui estamos nós, a posteriori, cheios de certeza que o crash após os loucos anos 20 era óbvio e inevitável. Mas para as pessoas que viveram esse tempo – as pessoas para quem os anos 30 eram ainda um futuro por descobrir – era tudo menos óbvio e inevitável.

Duas coisas podem explicar algo que parece inevitável, mas que não foi previsto por aqueles que o viveram em tempo real:

  • Ou todos no passado estavam cegos por uma ilusão ofuscante
  • Ou todos nós no presente estamos cegos pelo viés do retrovisor.

Seremos completamente loucos se concluirmos que tudo se deve à primeira e nada à segunda.

Este artigo tentará mostrar o que as pessoas pensavam nos dois anos anteriores à Grande Depressão. Fá-lo-ei através de recortes de jornais arquivados na Biblioteca do Congresso.

As pessoas desse tempo eram tão inteligentes como o somos agora e queriam evitar calamidades tanto quanto nós – o que pensavam mesmo antes da economia colapsar para a Grande Depressão?

As pessoas que eram suscetíveis aos mesmos vieses comportamentais e leis da estatística, tal como acontece hoje connosco – o que pensavam elas da sua economia florescente?

Como se sentiam?

O que previram?

O que as preocupava?

Que argumentos eram convincentes para elas?

A História só é interessante porque nada é inevitável. Para melhor compreendermos as histórias em que acreditamos sobre o nosso futuro, temos em primeiro lugar que compreender o ponto de vista das pessoas que não sabiam ainda como acabaria a sua história.

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