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Autoria
Morgan Housel
Morgan Housel

Artigo publicado a 23 de fevereiro de 2022 no blog Collaborative Fund

Agora já sabemos

“Todos os trabalhos parecem fáceis quando não somos nós a fazê-lo.” – Jeff Immelt

O historiador Stephen Ambrose escreveu sobre os soldados da Segunda Guerra Mundial que deixaram o treinamento básico repletos de bravura e confiança, ansiosos por lutar quando chegassem à linha de frente. Depois, os primeiros tiros são disparados e tudo muda.

“Não existe treino algum que prepare um homem para o combate”, escreve Ambrose. Pode ensiná-lo a disparar uma arma e a seguir ordens. Mas “não consegue ensinar os homens a ficarem indefesos sob uma chuva de estilhaços num campo trespassado por fogo de metralhadora”. Ninguém o consegue entender até passar por isso.

Muitas coisas funcionam assim.

A maior parte das ações tem dois lados: habilidade e comportamento. O que é verdade, na teoria, versus como nos sentimos no momento. A diferença entre os dois pode ser um quilómetro de largura. Nenhuma quantidade de empatia e mente aberta pode recriar as emoções. Livros e salas de aula não conseguem ensinar o que é o medo, a adrenalina e a incerteza genuínos. Nós achamos que compreendemos como determinada área funciona até experimentarmos uma nova parte dela em primeira mão. E aí vemos tudo através de uma lente completamente diferente.

Outra coisa que temos que experimentar antes que a possamos realmente compreender:

Perder um terço do nosso dinheiro ou mais

Conseguimos sobreviver a uma diminuição de 30% nos nossos ativos? Numa folha de excel, talvez – em termos de pagar as contas e permanecer solvente. Mas e mentalmente? É muito fácil subestimar o impacto que uma queda substancial tem na nossa mente. Podemos chegar á conclusão que a nossa confiança é mais frágil do que imaginávamos. Podemos decidir que está na altura de um novo plano. Conheço vários investidores que, após perdas, desistiram porque estavam exaustos. Fisicamente exaustos. As folhas de excel conseguem modelar a frequência histórica das grandes quedas. Mas não conseguem transmitir a sensação de, no regresso a casa, olhar para os filhos e questionarmo-nos se não cometemos um grande erro que lhes afetará a vida.

Estou convencido que não existe forma de compreender o que é um bear market até que tenhamos passado por um.

Parte da razão é que é impossível contextualizar o que causa as quedas até que elas aconteçam. Se nos perguntarem: “Como se sentiria se o mercado caísse 30%?” nós imaginamos um mundo onde tudo é igual, mas os preços das ações são 30% mais baratos. E nesse mundo, isto parece uma oportunidade. Mas o que realmente faz o mercado cair 30% é uma pandemia que nos pode matar, ou uma recessão em que podemos perder o emprego, ou um ataque terrorista, ou uma inflação sem fim à vista. E nesse mundo – um mundo que não conseguimos conhecer até que ele aconteça – as coisas parecem diferentes. Dizer “serei ganancioso quando os outros estiverem com medo” é mais fácil do que realmente fazê-lo, porque as pessoas subestimam a probabilidade de se tornarem um dos “outros”.

 

Todas as quedas passadas ​​parecem oportunidades e todas as quedas futuras parecem riscos. É uma das grandes ironias do investimento. Mas isto acontece por um motivo: ao estudar a História, nós sabemos como ela acaba, e, ao pensar no passado, é impossível não nos lembrarmos do que já sabemos hoje. Portanto, é difícil imaginar desfechos alternativos ao olhar para trás, mas, ao olhar para frente, sabemos que existem milhares de caminhos e destinos diferentes onde podemos acabar.


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