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Autoria
Ben Carlson
Ben Carlson

Artigo originalmente publicado a 11 de junho de 2020 no blog A Wealth of Common Sense

Algumas coisas no mercado nunca mudam

Algumas coisas que nunca mudarão nos mercados

Este é o mercado mais louco que eu alguma vez vi.

A pandemia transformou, de alguma forma, muita gente em day traders. No início, compravam empresas aéreas e de cruzeiros. Agora, compram ações de empresas que entraram em falência.

Hertz, JC Penney, Pier 1, Chesapeake Energy e GNC pediram, recentemente, proteção de credores, mas sofreram violentas variações de preços na semana passada:

É verdade que essas ações já tinham entrado em espirais da morte no ano passado:

Isto já faz mais sentido, mas também faz sentido que não é preciso que o preço da ação suba muito para ver um ganho percentual enorme numa ação como a Hertz. A empresa de aluguer de automóveis caiu de um máximo de mais de 100 dólares por ação para um mínimo de 55 cêntimos por ação.

Só nos últimos 5 dias, assistimos a variações diárias de preços na Hertz de -25%, -24%, + 115%, +71 e + 84%.

Segundo a Bloomberg, só na semana passada, quase 100 000 investidores na plataforma de corretagem Robinhood iniciaram uma posição na Hertz.

Muitos gestores de dinheiro profissionais rangem os dentes em relação ao aumento da atividade destes traders no Robinhood durante esta recuperação dos mercados. É fácil reprovar este tipo de movimentos especulativos nos mercados, mas eles não são novidade.

2020 é diferente de tudo que já vimos antes em termos de dinâmica económica e de mercado, mas este tipo comportamento é algo que existe desde o início dos mercados. Eis algumas coisas que nunca mudarão nos mercados:

Os bilhetes de lotaria encontrarão sempre comprador.

Os nossos cérebros estão programados de tal forma que a expetativa de ganhar dinheiro nos faz sentir melhor do que realmente ganhar o dinheiro. É a antecipação que coloca o nosso cérebro em alerta máximo. É por isto que investidores e jogadores raramente ficam satisfeitos com uma só vitória.

O nosso cérebro precisa sempre de outra dose de dopamina para recuperar esse sentimento. Para os especuladores, não chega o retorno do mercado numa enorme recuperação de um bear market. É por isto que assistimos ao movimento de ETFs setoriais do setor para empresas falidas.

E a tentação de especular aumenta quando vemos os outros à nossa volta a ganhar dinheiro.

As pessoas sem habilitações financeiras ou conhecimento sobre os mercados podem ganhar dinheiro.

Alguns dos investidores mais inteligentes e sofisticados do planeta foram apanhados de surpresa pela subida do mercado nos últimos meses.

Esses gigantes do investimento não só assistiram de fora ao mercado a subir, mas também os maiores beneficiários dessa subida parecem ter sido os pequenos traders de retalho.

O mercado não discrimina entre profissionais e amadores e ninguém exige um teste de inteligência para comprar uma ação.

O mercado aceita todo o capital, independentemente de onde está sediada a conta ou quanto capital está em jogo.

Isto não quer dizer que esta situação irá continuar indefinidamente, mas, parafraseando Keynes: "O mercado pode manter o investidor irracional solvente desde que nos mantenhamos pessimistas”.

Ocasionalmente, o dinheiro de retalho “parvo” supera o dinheiro profissional “inteligente”. Investidores lendários, tais como Druckenmiller, Tepper e Buffett, admitiram estar posicionados de forma excessivamente defensiva neste rally.

Isto não torna estas lendas idiotas, assim como não transforma os investidores na plataforma Robinhood em génios. É assim que, às vezes, as coisas funcionam. Ninguém é perfeito.

Ninguém acerta sempre.

Renaissance Technologies, provavelmente o melhor hedge fund alguma vez criado, afirmou que acertava apenas 51% dos seus trades. Ninguém acerta em todos os máximos e mínimos, especialmente num mercado como este, onde as coisas acontecem a uma velocidade absurda.

Os ciclos tendem a parecer que nunca terão fim.

Quando as ações estavam a ser esmagadas em março, parecia que a pressão de venda nunca teria fim. Mais recentemente, parece todos os dias, o mercado sobe.

Os mercados são e serão sempre cíclicos e nenhuma tendência é eterna.

Em retrospetiva, o capital ganha sempre.

É fácil olhar para trás, para o que aconteceu neste ano, e apresentar razões perfeitamente lógicas para o comportamento maníaco do mercado. E existem realmente muitas razões lógicas para um crash no mercado que imediatamente se transformou num bull market no espaço de 3 a 4 meses.

No entanto, as coisas podiam não ter acontecido desta forma. Os mercados demonstraram este ano como podem ser, em partes iguais, resistentes e frágeis.

Certos investidores preocupam-se mais em estar certos do que em ganhar dinheiro.

Os mercados seriam muito mais fáceis se o trabalho duro se traduzisse em resultados melhores; se a inteligência garantisse alfa; se os fundamentos económicos fossem sempre soberanos; e se os mercados fizessem sempre sentido.

Infelizmente, não é este o caso.

A simplicidade supera a complexidade.

O temperamento é mais importante que a inteligência.

E, às vezes, os mercados simplesmente não fazem sentido.


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