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Artigo da autoria de Ben Carlson, originalmente publicado no blog A Wealth of Common Sense, em 25 de fevereiro de 2014 (!)

E se investíssemos só nos picos de mercado?

Apresento-lhe Bob.

Bob é o investidor mais azarado do mundo.

Bob principiou a sua carreira de investidor em 1970, aos 22 anos. Bob era um aforrador diligente.

O seu plano era poupar $2000 por ano durante os anos 70 e aumentar esse montante em $2000 dólares a cada década até à reforma – aos 65 anos no final de 2013 (portanto, $4000/ano nos anos 80, $6000/ano na década de 90 e depois $8000/ano até à reforma).

Bob começou por poupar $2000 por ano na sua conta à ordem ate ter $6000 para investir no final de 1972.

O problema de Bob, como investidor, é que ele só tinha coragem para investir depois de o mercado ter subido bastante.

Assim, todo o seu dinheiro foi investido num fundo índice do S&P500 no final de 1972 (eu sei que ainda não existiam fundos índice em 1972, mas permitam-me alguma margem de manobra… ver as minhas assunções no final do artigo).

O mercado caiu quase 50% em 1973-1974, portanto Bob basicamente investiu o seu dinheiro no pico do mercado mesmo antes de um crash.

Bob tem, no entanto, uma característica redentora. Após entrar no mercado, ele nunca vende uma única ação. Ele fica demasiado nervoso e não quer errar também nas decisões de venda.

Lembremo-nos desta decisão porque é muito importante.

Bob não se sentiu confortável em investir no mercado até agosto de 1987, após outro gigantesco bull market. Após 15 anos de poupança, Bob tinha $46000 para investir. Mais uma vez, investiu-os num fundo índice do S&P500 e, mais uma vez, investiu-os num pico de mercado imediatamente antes de um crash.

Desta vez o mercado caiu mais de 30% logo após Bob ter comprado as suas ações.

A ocasião voltou a não estar do lado de Bob, mas ele manteve-se investido, tal como tinha feito em ocasiões anteriores.

Após o crash de 1987, Bob não se sentiu confortável em investir mais das suas poupanças até a bolha tecnológica atingir níveis estratosféricos nos finais de 1999. Nessa altura, Bob já dispunha de $68000 para investir. Desta vez, a compra no final de dezembro de 1999 aconteceu mesmo antes de uma queda de mais de 50% que durou até 2002.

Esta decisão de compra deixou-o com mais algumas cicatrizes, mas Bob decidiu fazer mais uma grande compra antes de se reformar.

O investimento final foi feito em outubro de 2007 com os $64000 que tinha poupado desde 2000. Bob finalizou esta sequência de terríveis decisões de compra, investindo imediatamente antes de outro crash de 50% causado pela crise financeira.

Após a crise financeira, Bob decidiu continuar a poupar o seu dinheiro no banco, mas manteve os seus investimentos no mercado acionista até à sua reforma, no final de 2013.

Recapitulando, Bob foi um terrível “market timer” e as suas compras foram sempre feitas nos picos dos mercados imediatamente antes de perdas extremas.

Eis as datas das compras, os crashes que se seguiram e a quantia investida em cada data:

Data do Investimento

Crash Subsequente

Quantia Investida

Dezembro de 1972

-48%

$6000

Agosto de 1987

-34%

$46000

Dezembro de 1999

-49%

$68000

Outubro de 2007

-52%

$64000

 

Total Investido

$184000

Afortunadamente, embora não tivesse conseguido escolher a melhor altura para as suas compras, Bob nunca vendeu ações ou saiu do mercado uma única vez. Não vendeu depois do bear market de 1973-74 ou da Segunda-feira Negra de 1987 ou da bolha tecnológica de 2000 ou da crise financeira de 2007-09.

Bob nunca vendeu uma única ação.

Então, que tal correu?

Embora só tenha comprado ações nos picos de mercado, Bob acabou milionário com $1,1 milhões.

Como foi isto possível?

Em primeiro lugar, Bob era um aforrador diligente e planeava as poupanças com antecedência. Nunca vacilou nos seus objetivos de poupança e aumentou sempre a quantia que poupava ao longo do tempo.

Segundo, Bob permitiu que os seus investimentos compusessem retornos ao longo das décadas. Nunca saiu do mercado ao longo de mais de 40 anos. Bob beneficiou de uma pista muito longa e larga.

Viu-se forçado a suportar um enorme fardo psicológico enfrentando enormes perdas (no papel), mas gosto de imaginar que Bob não prestava muita atenção aos extratos mensais. Continuava apenas a poupar e a manter o rumo.

E, finalmente, Bob seguiu um plano muito simples – um fundo índice com custos mínimos.

Obviamente, esta história é fictícia e apenas a relato com fins ilustrativos. Nunca recomendaria um portfólio composto apenas por ações de um único mercado, a menos que possuísse uma elevadíssima tolerância ao risco. Um portfólio equilibrado exposto a diferentes mercados globais faz muito mais sentido.

E se Bob tem investido as suas poupanças de uma forma mais regular – anualmente, por exemplo, teria conseguido muito mais dinheiro no final ($2,3 milhões).

Mas aí, não seria Bob, o investidor mais azarado do mundo.

Lições da “Jornada” de Bob:

  • Se vamos cometer erros no investimento, asseguremo-nos que estão enviesados para o otimismo e não o pessimismo. O pensamento de longo prazo foi sempre recompensado no passado e, a menos que acreditemos que o mundo ou a inovação vão acabar, sê-lo-á no futuro. Tal como Winston Churchill disse, “Sou um otimista. Não me parece útil ser outra coisa qualquer.”
  • As perdas são parte do negócio quando se investe em ações. Como reagimos a essas perdas é determinante para a performance dos nossos investimentos.
  • Poupar mais, pensar a longo prazo e permitir que o juro composto trabalhe a nosso favor são os maiores aceleradores na construção de riqueza. Estes fatores não têm nada a ver com a escolha de ações individuais ou com estratégias de investimento complexas. Se acertarmos nestas coisas, qualquer estratégia disciplinada de investimento terá resultados satisfatórios.

 


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