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Autoria
Patrícia Abreu
Patrícia Abreu

A maioria das mulheres ainda fica na sombra dos maridos quando o tema é o dinheiro. Pressionadas pelo facto de ganharem menos – em Portugal o “gap” salarial entre homens e mulheres está nos 11,4% – e por terem menores níveis de literacia financeira e assumirem o papel de cuidadoras na família, as mulheres continuam a deixar para os seus companheiros as decisões financeiras de longo prazo e como investir o dinheiro.

Segundo um estudo da CMVM, em Portugal, o investidor “tipo” é do sexo masculino, tem níveis de escolaridade financeira superiores e vive nos grandes centros urbanos. Já as mulheres são responsáveis por uma fatia mais pequena do investimento.

Um outro estudo da UBS mostra que metade das mulheres casadas entrega aos maridos as decisões financeiras do casal, enquanto as mulheres solteiras se sentem mais inseguras em investir. Uma situação que deixa as mulheres numa situação de maior dependência financeira e em risco, em situações de divórcio, desemprego ou crises.

Um terço dos investidores são mulheres

Apesar do investimento ainda ser um mundo dominado por homens, esta realidade começa, lentamente, a alterar-se. E a pandemia da covid-19 acelerou esta mudança, com mais mulheres, sobretudo as mais jovens (millennials), a investirem mais e a tomarem consciência sobre a importância do investimento para alcançarem a segurança financeira.

Um estudo recente da Fidelity, realizado junto de 2.400 americanos adultos (metade homens e metade mulheres), conclui que a pandemia deixou as mulheres mais alerta para necessidade de investir, com maior margem para o fazer, e 67% diz que está a investir para alcançar vários objetivos, além da reforma. Nove em cada 10 mulheres preveem tomar decisões para pôr dinheiro a render mais.

Esta mudança, cuja tendência será de crescimento, vai alterar de forma significativa a gestão de ativos. Segundo a McKinsey, as mulheres controlam cerca de um terço dos ativos sob gestão, na Europa Ocidental, avaliados em 4,6 biliões de euros. Ainda assim, a consultora prevê que em 2030, o público feminino controle 45% deste volume e tenha em mãos 10 biliões de euros, à medida que cada vez mais mulheres casadas assume responsabilidade nas decisões financeiras da família.

CFO’s do lar, mas não das poupanças

Mesmo contando com uma menor participação e menor confiança, a Fidelity conclui que as mulheres obtêm melhores resultados que os homens nos seus investimentos: conseguem retornos 40 pontos base acima dos homens.

Estes resultados são justificados pelo facto das mulheres dedicarem mais tempo a analisar os investimentos e assumirem níveis de risco mais apropriados.

Apesar de terem melhores retornos, só um terço das mulheres se identificam como investidoras. Embora mais de dois terços se sinta confortável em gerir o orçamento da casa, só 19% se sente confortável em planear investimentos alinhados com os seus objetivos e menos de um terço (31%) em planear as necessidades financeiras para a reforma.

Entre as que já começaram a investir, sete em cada 10 mulheres gostava de ter começado a investir mais cedo.

Menos dinheiro, vida mais longa e menos descontos

Mais do que poupar, a rentabilização do dinheiro assume particular relevância, uma vez que as mulheres vão ter maiores necessidades de liquidez na velhice do que os homens. O esforço para poupar é maior para as mulheres devido a ganharem menos; como não investem, têm que ter um maior esforço de poupança para garantir um complemento para a reforma; e as necessidades nesta fase da vida serão mais elevadas: mulheres vivem, em média, mais cinco anos que os homens.

O facto de terem menores descontos da Segurança Social, seja porque os salários são mais baixos, seja porque descontam menos – licenças de maternidades, assistência à família, etc – produz um efeito negativo no valor da reforma. Um tema que está a gerar maior preocupação e a levar cada vez mais mulheres a alterar comportamentos.

Ainda que haja um percurso longo a percorrer, de um modo geral, as mulheres estão mais alerta para a necessidade de investir (e assumir o controlo das suas poupanças), fazem-no melhor que os homens apesar de serem menos confiantes nas suas capacidades de tomar decisões financeiras e assumem que gostavam de ter começado a investir mais cedo.

 


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