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A 9 de março de 2020, Morgan Housel publicou, no blog Collaborative Fund, o artigo que abaixo traduzimos integralmente:

Vamos Superar Isto

Nos anos 30, um advogado de Ohio chamado Benjamin Roth manteve um diário detalhado do que tinha testemunhado durante a Grande Depressão.

No final dos anos 30, quando a depressão já era quase passado, Roth resumiu o que tinha aprendido durante este terrível período.

“Os negócios recuperam sempre. Não se manterão nem deprimidos nem exaltados.”

“O mercado de ações prevê os negócios de uma forma limitada. O início de um movimento no mercado de ações é habitualmente causado pela tendência nos negócios, mas no final, o movimento é levado demasiado alto ou baixo – pelo otimismo ou desespero extremos da natureza humana.”

“As depressões são tempos de grandes lucros. O investidor que tenha liquidez e coragem para agir poderá construir as fundações de grandes lucros.”

Não é inteligente comparar a semana passada com a Grande Depressão – o desemprego está perto dos mínimos históricos e o mercado ainda está positivo face aos últimos dez meses. É difícil também recordar um momento em que o sentimento se alterou de forma tão profunda e tão rápida como na semana passada. E o que é realmente pouco inteligente é achar que este fenómeno não se reforçará a si próprio e levará a problemas económicos tangíveis.

Permitam-me, no entanto, oferecer um conselho, fazendo eco das palavras de Benjamin Roth de há 90 anos: Vamos superar isto.

Não vai ser fácil e para alguns será uma agonia. Mas ninguém se deverá surpreender quando uma economia de mercado que oferece tantos benefícios ocasionalmente peça algo em troca.

Mantenhamos algumas coisas em mente:

1. As subidas plantam as sementes das quedas. As quedas fazem o mesmo na direção oposta.

Não há exceções à terceira lei da física de Newton. Cada ação tem uma reação igual e oposta.

É tentador cair na canção de sereia das subidas porque é muito fácil extrapolar uma tendência positiva sem levar os fatores compensatórios em conta. As subidas tornam as pessoas complacentes, os ativos caros e os negócios frágeis – tudo isto é fácil de descontar e até difícil de avaliar quando as coisas estão a correr bem. Geralmente é só depois, retrospetivamente, que olhamos para trás e reconhecemos o quão alheados estávamos das forças que se acumulavam contra nós.

A mesma coisa acontece, no sentido oposto, durante as quedas. Em relação a literalmente cinco horas atrás, as pessoas estão mais conscientes dos riscos que estão a correr, os negócios estão à procura de formas de serem mais produtivos e os ativos estão a ser apreçados para retornos futuros mais elevados – tudo isto é fácil de descontar e difícil de medir quando as coisas estão a ruir.

É estranho pensar que estamos melhor posicionados para o crescimento futuro esta semana do que na semana passada. Como pode ser possível, dado tudo o que aconteceu? Bem, isto pode piorar. No entanto, cada degrau que caímos planta as sementes para a próxima subida.

2. O juro composto não tem a ver com conseguir hoje os retornos mais elevados. Tem a ver com conseguir retornos satisfatórios durante o mais longo período de tempo possível.

Ganhar 20% ao ano e perder tudo uma vez a cada década deixa-nos pior dos que ganhar 8% ao ano e ser capaz de superar os momentos difíceis. Isto é óbvio. É nestas alturas, no entanto, que concluímos que a sobrevivência financeira não é apenas relevante para os falidos e paranoicos; a sobrevivência é o ingrediente mais importante para o crescimento de longo prazo.

“Sobrevivência” significa coisas diferentes. Significa ter uma estratégia cujos desfechos negativos já nos são familiares; desta forma, estamos preparados, financeira e psicologicamente, para quando acontecerem. Significa sermos capazes de tomar decisões sem as algemas do pagamento da dívida incorrida. Significa existir um enorme intervalo entre o que pode acontecer e o que precisamos que aconteça para que tudo corra bem.

Parte do benefício imprevisto das grandes quedas é que estas empurram os investidores para estratégias que podem seguir durante décadas.

3. O que vemos na CNBC e no Twitter não é representativo de 98% do país.

A última vez em que as coisas estiveram tão loucas foi no verão de 2011, quando o mercado caiu 20% e todos estavam convencidos que iriamos passar pela Crise Financeira 2.0

Meses mais tarde, a Vanguard publicou um relatório que rezava:

“98% dos investidores não fizeram uma única alteração aos seus portfólios em agosto, altura em que a volatilidade do mercado atingiu o pico… noventa e oito por cento adotaram uma visão de longo prazo. Aqueles que o fizeram são um pequeno subconjunto de investidores.”

Aposto que, nas semanas mais recentes, isto se repetiu.

É fácil dizer coisas como “todos estão a entrar em pânico”. Mas isto nunca chega perto da verdade. A vasta maioria dos investidores, trabalhadores e gestores de negócios estão apenas a tentar levar os filhos à escola, conduzir para o trabalho e chegar ao fim do dia um pouco mais espertos e produtivos do que eram ontem.

Mantenhamos sempre o alcance do pânico em perspetiva.

4. O otimismo e o pessimismo atingirão sempre níveis exagerados uma vez que as fronteiras de ambos só são conhecidas em retrospetiva, depois de serem ultrapassadas.

O preço correto de cada ativo é o que alguém está a disposto a pagar por ele, uma vez que todos os preços de ativos dependem de assunções subjetivas acerca do futuro. E, tal como um homem cego que não sabe onde está a parede até que a sua bengala toca nela, os mercados não conseguem saber quando o otimismo ou o pessimismo foram longe demais até que atingem os limites e suficientes investidores protestam em direção contrária.

Os picos e fundos dos ciclos de mercado parecem sempre, em retrospetiva, ser irracionais, parecem sempre ter ido longe demais. Mas, em tempo real, os mercados estão apenas a tentar encontrar os limites do que as pessoas conseguem suportar. E têm que fazer isso porque qualquer diferença entre o potencial de um ativo e aquilo que os investidores estão dispostos a suportar cria oportunidades que serão exploradas.

Lembremo-nos que quando o progresso é avaliado em termos de gerações, os resultados e a performance não devem ser medidas trimestralmente.

Hoje, tudo parece terrível.

Poderá parecer terrível amanhã.

Mas aguentem-se.

Nós vamos superar isto.


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