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A Casa de Investimentos vai lançar o “Livro do Investimento em Valor”, em parceria com o Jornal Económico. Em entrevista, a CEO Emília Vieira explica esta aposta.

Porque decidiram avançar com a publicação deste livro?

Publicámos este livro a primeira vez em março de 2012. O nosso objetivo era esclarecer os investidores sobre os benefícios de investir em ações e de o fazer com uma estratégia de valor a longo prazo. O feedback foi extremamente positivo e motivou muitas aberturas de conta. Quem o lê deixa de olhar para as ações como uma atividade especulativa, um jogo de sorte ou azar. Acreditamos sinceramente que o conhecimento gera competências e cria confiança.Esta reedição é uma continuação do trabalho iniciado. A educação financeira, o privilégio do conhecimento devem estar ao alcance de todos.

O que é Investimento em Valor? Qual a diferença em relação a outras filosofias de investimento?

Investir em valor é comprar bons ativos a desconto do valor intrínseco. É investir em ativos que produzem rendimentos e que no momento da compra nos garantem uma margem de segurança confortável, ou seja, que a diferença entre o que o ativo vale e o que pagamos por ele, nos garante a segurança do capital e um retorno satisfatório a prazo. O foco é sempre o valor da empresa e a riqueza que produz para os acionistas. A ação é uma fatia desse negócio que nos dá direito aos lucros que a empresa ganhar no futuro. Muitos tentam prever as variações futuras dos preços das ações, se os mercados vão subir ou descer, baseando-se em variáveis macroeconómicas análise técnica ou investimento em momentum.

Qual a sua opinião sobre a forma como os portugueses aplicam as suas poupanças?

Cerca de dois terços da poupança dos portugueses está em depósitos bancários que hoje têm um rendimento real negativo. Na vizinha Espanha, este número é 40%. A taxa de inflação na zona euro é de 1,8% e a taxa média dos depósitos a prazo é 0,15%. Por isso, deve ser claro para quem tem as suas poupanças em depósitos que estão a empobrecer. É muito importante sensibilizar as pessoas para a necessidade de poupar. Mas, é igualmente importante saberem o que melhor rentabiliza a poupança a longo prazo. Para manter o poder de compra, é preciso investir de forma estruturada e com um horizonte de investimento de décadas. Se compreenderem isso, estarão a construir um futuro financeiro mais seguro.

Como compara o investimento em ações com o investimento em outros ativos, como o imobiliário, na presente conjuntura?

Há uma série de estudos que demonstram que as ações são a classe de ativos que melhor remunerou o capital nos últimos 116 anos. Na conferência “O Triunfo dos Otimistas” que realizámos em conjunto com o Jornal Económico em novembro passado, Elroy Dimson, mostrou que, independentemente da geografia, o investimento em ações ganha a todas as outras classes, seja imobiliário, obrigações ou bilhetes do tesouro. Os Estados Unidos destacam-se como a melhor geografia para investir, com um retorno de cerca de 9,5% ao ano. Neste período tão longo a taxa de inflação média é de 3%. Devo realçar aliás que, mesmo em Portugal, entre 1900 e 2015, as ações conseguiram 3,5% acima da inflação ao passo que as obrigações tiveram um rendimento de 0,8% acima da inflação e os bilhetes do tesouro perderam 1,1%.

Sobre o investimento imobiliário, as pessoas esquecem-se que grandes crises no passado estiveram associadas a esta classe de ativos e ao excesso de endividamento associado e à ideia de que os preços subiriam sempre. Sabe, a natureza humana nunca muda. Todos, sem exceção, somos afetados por vieses comportamentais que nos inibem de ser bons investidores. A psicologia e a neurociência explicam isto muito bem e, como assegura Daniel Kahneman, Psicólogo e prémio nobel da economia, há duas características particularmente relevantes que nos levam a tomar decisões erradas: estamos programados para o curto prazo e tendemos a fazer o que todos fazem – sentimos mais conforto em seguir a maioria.

No ano passado, escrevi o artigo “Porque os ricos ficam mais ricos”. Sabe porquê? Os ricos ficam mais ricos porque, ao contrário da classe média, investem uma proporção muito pequena do seu património em imobiliário. Grande parte do seu património está investido em ações. Os estudos feitos para inúmeros países, mostram que a concentração da propriedade de ações é aliás o fator mais determinante no aumento da desigualdade na distribuição da riqueza. Há um estudo de Robert Shiller e Karl Case sobre o mercado imobiliário desde 1890. Nestes 120 anos, segundo eles, a valorização das casas foi de 0,3% ao ano. O investimento imobiliário tem muitos riscos: falta de liquidez, excesso de concentração de capital num único ativo, risco país, etc.  Em contraponto, investir numa carteira diversificada por 25 ou 30 excelentes empresas mundiais, compradas a desconto significativo do seu valor, é a melhor forma de proteger e valorizar o património financeiro a longo prazo.

De que forma pode esta filosofia ajudar as pessoas a rentabilizar as suas poupanças?

A filosofia de investimento em valor é simples, não se lhe conhecem escândalos e centra-se no princípio de comprar muito valor a desconto. Há um trabalho da Tweedy Browne com o título “O que funcionou no investimento” que agrega mais de 40 estudos. O que funcionou de forma consistente foi o investimento em valor. Para além disso, é fácil de entender. Quem adere a esta filosofia nunca mais a abandona porque é simples e intuitiva. Sobretudo, permite criar o conforto para que os investidores aprendam a investir com mais segurança e melhores rentabilidades. Um dos principais erros dos investidores é não manterem uma estratégia consistente de longo prazo e procurarem resultados rápidos. Isso não existe.

Vivemos tempos agitados nos mercados. Em sua opinião, vem aí uma nova crise semelhante às de 2001 ou 2008, como tem sido defendido por alguns especialistas?

Na casa de Investimentos não fazemos previsões. Não fazemos a menor ideia do que vai fazer o mercado hoje, daqui a um mês ou daqui a um ano. Prever o que vai acontecer, com tantas variáveis macroeconómicas e outras, é um trabalho muito difícil e não nos sentimos habilitados a fazê-lo. Francamente também não conhecemos quem o faça com consistência. Por isso, procuramos maximizar a objetividade, centrando-nos no que fazemos bem: procurar valor pelo mundo, empresas com vantagens competitivas duráveis e cujos lucros futuros estejamos a comprar baratos. Procuramos concentrar nas carteiras dos nossos clientes as melhores ideias de investimento: empresas com balanços sólidos e que sejam máquinas de fazer dinheiro. O melhor momento para investir é quando temos dinheiro e um ativo excelente a cotar a desconto significativo. Nos últimos dias temos estado a comprar ações de excelentes empresas mundiais. Os investidores devem entender que não são obrigados a comprar nem a vender todos os dias. Só o devem fazer quando lhes é vantajoso. Nós não precisamos que o mercado todo esteja barato. Só precisamos de encontrar 30 empresas excecionais a desconto e vamos alocando o capital aguardando por essas oportunidades. Todos os dias há opiniões contrárias.

Que ações ou setores, se preferir serão mais resilientes, nos próximos tempos, face à turbulência dos mercados?

A turbulência é bem-vinda porque gera boas oportunidades para comprar barato. A receita deve ser sempre a mesma: investir em empresas com grandes vantagens competitivas, com balanços sólidos e gestores capazes e honestos. As empresas com baixos níveis de endividamento têm maior flexibilidade para gerir a turbulência e aproveitá-la para comprar negócios bons que são geridos com dívida excessiva. As vantagens competitivas permitirão a estas empresas ganhar pelo menos o seu custo de capital.

“Preço é aquilo que se paga. Valor é aquilo que se obtém”. Esta frase continua válida e, em caso afirmativo, concorda que em alguns casos, o valor está bastante abaixo daquilo que pagamos?

A frase é do senhor Warren Buffett, o melhor e mais famoso investidor em valor. Concordo claro, preço é o que pagamos e devemos certificar-nos que quando compramos ficamos com muito mais valor do que pagamos. Julgo que há a ideia generalizada de que os mercados estão caros e é verdade que em muitos casos os investidores pagam 1 euro e recebem 70 ou 80 cêntimos. No entanto, o índice S&P 500, que agrega as 500 maiores empresas americanas, cota a 16 vezes os resultados do próximo ano. Na europa, os mercados cotam em média a 12,4 vezes os resultados. Para quem tem um horizonte de investimento de longo prazo e consegue avaliar os ativos e ignorar as cotações diárias das ações, hoje as ações continuam a ser de longe o melhor investimento e o mais seguro. Eu invisto ao mesmo tempo e nos mesmos títulos todo o meu dinheiro. Estas empresas pagam dividendos que em muitos casos ultrapassam consideravelmente os rendimentos pagos pelos investimentos de taxa fixa, como são as obrigações. Ou seja, é simples, é comprar a pessimistas para vender a otimistas. Hoje continuamos a encontrar muito valor a desconto e a colecionar nas carteiras, negócios que continuarão a produzir muita riqueza para os nossos clientes.

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