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Autoria
Emília O. Vieira
Emília O. Vieira

Texto escrito originalmente a 17 de março de 2021 como mensagem de acolhimento do Relatório & Contas de 2020 da Casa de Investimentos.

“Assim como não é uma andorinha ou um belo dia que faz a Primavera, também não é um dia ou um curto período de tempo que faz um homem abençoado e feliz.”,
Aristóteles em “Ética a Nicómaco”

“As nossas experiências pessoais com o dinheiro representam talvez 0,00000001% do que aconteceu no mundo, mas representam cerca de 80% de como julgamos que o mundo funciona.”,
Morgan Housel

“A única coisa que vos digo é que o pior investimento que podem ter é dinheiro. O dinheiro, ao longo do tempo, vai valer menos. Os bons negócios, ao longo do tempo, valem mais.”,
Warren Buffett

Aos nossos Clientes deixamos um agradecimento muito especial pela confiança e pelas recomendações que fazem da nossa CASA.  

O ano de 2020 foi o mais difícil para os nossos Clientes. Num mercado em tumulto e perante a queda mais rápida de sempre nos mercados financeiros mundiais, permitiram-nos manter o rumo e confiaram na nossa capacidade de avaliação quanto ao impacto destes eventos nos investimentos que temos em carteira. Confiaram-nos reforços das suas contas de investimento e fizeram com que março de 2020 fosse o melhor mês de sempre, em entradas de dinheiro novo, na história da Casa de Investimentos. Esta é a maior prova de confiança no nosso trabalho e que nos motiva para melhorar todos os dias e colocar sempre os seus interesses em primeiro lugar.

Para nós, manter a estratégia de investimento e reforçar posições, foi mais fácil do que para os nossos Clientes. O facto de termos um conhecimento muito profundo dos negócios em carteira, de terem balanços muito fortes, aliados a equipas de gestão excelentes, as vantagens competitivas face a concorrentes, e conseguirmos acompanhar todos os dias as medidas que os gestores estavam a tomar para adequar as suas atividades à pandemia, deu-nos o conforto de decidir com margem de segurança. Estes factos permitiram-nos manter o rumo e potenciar os retornos a longo prazo.

Em 2020, perdemos, em média, 2,9% aos nossos Clientes. Este número é, em muitos casos, muito diferente: os Clientes que reforçaram substancialmente as contas e os que abriram contas depois de março, tiveram rentabilidades positivas muito significativas. O dólar americano desvalorizou 8,45% no ano. Uma vez que a carteira tinha no fecho do ano uma exposição de 72% a USD, esta desvalorização da moeda americana retirou-nos em 2020 cerca de 6,10% de rentabilidade.

Desde o primeiro dia, há 10 anos, que consideramos que a comunicação direta e objetiva com os nossos Clientes é importante porque nos dá a oportunidade de explicar a nossa estratégia de investimento, o que fazemos e os resultados que conseguimos, sem que os nossos Clientes tenham que adivinhar ou especular sobre as nossas decisões de alocação de capital. Isto é especialmente importante quando as coisas correm mal ou cometemos erros, o que acontecerá de tempos a tempos, uma vez que pode evitar que os nossos Clientes tomem decisões que os prejudicam e que põem em causa uma estratégia bem estruturada de criar valor a longo prazo. Por isso, não são apenas as cartas trimestrais que escrevemos, o Relatório & Contas anual, mas também as cartas que escrevemos sempre que há eventos que consideramos relevantes e que poderão contribuir para que os Clientes aproveitem as oportunidades que o pessimismo produz. É nestas alturas que os bons negócios se conseguem comprar em saldo. Também sabemos que é nestas alturas que os investidores têm medo e preferem estar em dinheiro. É por isso que investir não é fácil.

Revisitamos nas páginas deste Relatório alguns dos artigos mais relevantes que escrevemos nestes 10 anos para os principais jornais e revistas nacionais. Esta é também a oportunidade para explicar algumas das lições que aprendemos:

A primeira é que a estratégia de investimento em negócios de qualidade excecional funciona. O nosso objetivo é encontrar negócios excecionais a preços razoáveis e fugir dos negócios razoáveis a preços excecionais. Como somos investidores de longo prazo, os primeiros rapidamente ganharão vantagem.

A segunda é que não precisamos de adivinhar o mercado ou estar certos todos os dias.

A terceira é que, quanto maior for a liquidez disponível em carteira, menor será o retorno dos nossos investimentos.

 

Mais apropriada do que nunca e uma das mais antigas, é a história que se conta na City, em Londres, sobre um homem que queria enriquecer e que rezou ao seu Deus para que pudesse encontrar na rua o jornal com as notícias do ano que vem. O milagre aconteceu e o jornal surgiu aos seus pés com a descrição de todos os eventos do ano seguinte. Apesar disto, o homem não enriqueceu porque o jornal não revelava os preços das ações do ano que vem, apenas as notícias.

Imaginem que, em janeiro de 2020, sabiam exatamente que a pandemia iria atingir todo o mundo e que iria paralisar a economia mundial. O que fariam? Se vendessem tudo e ficassem em dinheiro, iriam perder a recuperação fulgurante que se seguiu à queda mais rápida da história.

 

Já todos sabem o que vou dizer a seguir. Mesmo que consiga prever o que vai acontecer nos próximos tempos, isso não é o mais importante. O que é essencial é prever como vai reagir a maioria das pessoas. Conseguir fazer estas previsões é impossível. O melhor, portanto, é mantermo-nos investidos.

 

Na Carta a Clientes do 3.º Trimestre de 2020, escrevemos o seguinte:

“A história, pelo contrário, mostra-nos uma e outra vez que os otimistas triunfaram, conforme a história financeira dos retornos mundiais nos últimos 122 anos demonstra. Porque acham os investidores que desta vez será diferente? A incerteza e a volatilidade a que os investidores de ações têm sido sujeitos este ano é fora do comum em magnitude e frequência. O que muitos experienciaram nos últimos 7 meses é equivalente a um período de 10 ou 20 anos.

David Swensen, gestor há 35 anos do Fundo Endowment da Universidade de Yale nos Estados Unidos, diz que os investidores de taxa fixa devem esperar, e merecem, rendimentos muito baixos. Estar hoje em liquidez, em depósitos, em obrigações e outros títulos de dívida, embora seja uma estratégia menos volátil, não está isenta de risco nem de custos de oportunidade. Os investidores que estejam dispostos a aceitar a volatilidade das ações e que não precisam de estar certos todos os dias quanto à direção que os mercados financeiros tomam, serão recompensados com retornos mais elevados.

A volatilidade é o preço a pagar por melhores retornos a prazo. Não há bela sem senão”.

 

Já todos sabem que o retorno nos ativos de taxa fixa é quase zero e que não acompanha sequer a inflação. Já todos sabem que os mercados acionistas recuperam sempre. Já todos sabem que as famílias mais ricas do mundo investem uma percentagem maior do seu património em ações e que isso contribui para que o fosso na distribuição da riqueza continue a aumentar a nível mundial.

A questão que se coloca é a seguinte:

Por que motivo tantos evitam pagar o preço (aceitar a volatilidade das ações) para ter retornos mais elevados? Porque é que tantas pessoas que estão dispostas a pagar o preço de carros, casas, férias, tentam evitar pagar o preço de bons retornos no investimento?

O preço do sucesso no investimento não é imediatamente óbvio. Não tem uma etiqueta que consigamos consultar e, por isso, quando a “conta” chega não a sentimos com um custo por algo de bom. Parece uma multa por algo de errado que fizemos. A resposta, natural, de alguém que vê a sua fortuna a diminuir a cada dia que passa (ainda que seja apenas no papel) e encara essa queda como uma multa é tentar evitar multas futuras.

Embora pareça trivial, encarar a volatilidade do mercado como um custo e não uma multa é uma parte importante no desenvolvimento da mentalidade que nos permite mantermo-nos no mercado o tempo suficiente para que os ganhos nos investimentos se materializem e avolumem.

Os bilhetes para a Disneylândia custam cerca de 100 euros, mas em troca passamos um dia com os nossos filhos que nunca esqueceremos. Em 2019, cerca de 156 milhões de pessoas acharam que era um preço que valia a pena pagar. Poucos acharam que os 100 euros eram um castigo ou uma multa.

O mesmo se passa no investimento, onde a volatilidade é quase sempre um custo, e não uma multa. Os retornos no mercado não são gratuitos e nunca o serão. Não somos forçados a pagar este preço, assim como não somos obrigados a ir à Disneylândia. Podemos ir ao parque de diversões local onde os bilhetes custam 10 euros ou ficar em casa de graça. Podemo-nos divertir na mesma. Mas, de uma forma geral, temos aquilo que pagamos. O mesmo acontece com os mercados. A volatilidade/incerteza – o preço dos retornos – é o custo de admissão para conseguirmos retornos acima da média dos parques baratos (depósitos e obrigações).

A chave é convencermo-nos de que vale a pena pagar o custo do mercado. Esta é a única forma de lidar com a volatilidade e a incerteza – não apenas tolerá-la, mas tomar consciência de que é um custo de admissão que vale a pena pagar.

Não existe nenhuma garantia. Às vezes chove na Disneylândia. Mas, se encararmos este custo de admissão como uma multa, nunca apreciaremos a magia.

Encontre o preço, pague-o e conte connosco na “viagem”.

Com consideração, apresentamos os melhores cumprimentos,

Emília Oliveira Vieira
Chief Executive Officer
Casa de Investimentos

“Trabalhamos para que os nossos Clientes sejam Clientes antigos".

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Relatório & Contas 2020 completo onde foi originalmente publicada esta mensagem de abertura: RelatorioContas_2020_CdI

Créditos foto: Kon Karampelas via Unsplash

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