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O Millennium BCP tem sido consistente a destruir valor na última década e meia.

Desde Abril de 2008, o Millennium BCP fez aumentos de capital de 5957 milhões de euros, dos quais 1481 milhões através da conversão de dívida em acções e o restante pela emissão de novas acções. Agora, com uma capitalização inferior a 800 milhões de euros, o banco vem pedir aos accionistas mais 1332 milhões de euros para pagar os 700 milhões de empréstimo do Estado e reforçar os rácios de capital core tier one de 9,5% para os respeitáveis 11,4%.

O banco tem sido consistente a destruir valor na última década e meia. Depois deste aumento de capital, cotará a 39% do seu valor contabilístico, reflectindo a percepção do mercado que também este capital será consumido pelos elevados níveis de crédito malparado, pelos graves erros de gestão do passado e dificuldades à volta do negócio. Primeiro, os níveis de malparado não deverão ter redução rápida devido ao sobre-endividamento do Estado, famílias e empresas, e são um entrave ao crescimento económico. Segundo, o aperto na regulação europeia torna esta actividade menos rentável. E terceiro, o ambiente de taxas de juro tão baixas reduz o potencial de resultados para uma indústria que está sobredimensionada em toda a economia europeia.

A crise financeira de 2008 e as medidas tomadas para a ultrapassar realçam a grande diferença entre os EUA e a Europa. Nos EUA atacou-se de uma vez o problema e recapitalizaram-se os bancos para que a economia e a confiança dos agentes económicos recuperassem. Passados oito anos, os principais bancos americanos (agora entre os mais sólidos no mundo) têm um rácio médio de capitais próprios em relação ao total dos activos de cerca de 10% enquanto que na banca europeia é de apenas 6%. Na Europa, políticos, reguladores e gestores continuam a braços com graves insuficiências de capital: em Portugal procura-se ainda uma solução para o Novo Banco, na Alemanha, o Deutsche Bank - com um balanço frágil - tem de suportar elevadas multas por ilegalidades cometidas - e em Itália, a banca está a ser recapitalizada, nalguns casos pelo Estado por não haver solução privada.

A elevada dependência que as economias europeias continentais têm da banca como fonte de financiamento enfraquece a sustentabilidade do modelo económico e limita o seu crescimento. Enquanto que nos EUA o peso dos activos dos bancos é de 65% do PIB, na zona Euro representa 260%. O sistema bancário europeu não tem alternativa: deve reforçar capitais, promover a concentração de activos com fusões e aquisições e reduzir o seu peso no financiamento das economias.

Então, por que razão estarão os investidores disponíveis para colocar mais dinheiro no Millennium BCP? Um investimento é uma operação que deve garantir a segurança do capital e obter um retorno satisfatório a prazo. A segurança consegue-se investindo em empresas com negócios excepcionais e com histórico de criação de valor para os accionistas, geridas por gestores capazes e honestos e compradas quando o preço que pagamos está a desconto face ao valor intrínseco subjacente. Quando as variáveis são tantas e tão difíceis de prever e não se consegue aferir quanto vale, como é o caso deste aumento de capital do BCP, a decisão de investimento é, por definição, especulativa.

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