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Autoria
Ben Carlson
Ben Carlson

Este artigo foi originalmente publicado em janeiro de 2020 no blog A Wealth of Common Sense. Nessa altura, os mercados receavam uma guerra entre os Estados Unidos e o Irão. Estes receios, como sabemos, não se materializaram. Pelo contrário, foram rapidamente esquecidos porque o COVID açambarcou todas as atenções poucas semanas depois.

A Relação entre a Guerra e o Mercado Acionista

Os ataques aéreos dos EUA no Iraque mataram um dos generais mais poderosos do Irão, causando pânico no domínio geopolítico. Ninguém sabe exatamente o que significa isto nesta altura, mas existem receios de uma escalada de tensões no Oriente Médio, juntamente com o potencial de retaliação e mais conflitos.

Os mercados reagiram naturalmente, os preços do petróleo e do ouro dispararam, enquanto que o mercado acionista e as taxas de juros caíram. Os prognosticadores do mercado têm uma regra prática antiga: os investidores odeiam a incerteza mais do que tudo, e há poucas situações mais incertas do que uma ameaça de guerra.

Mas os mercados nem sempre se preocupam com regras antigas, e as situações de incerteza nem sempre influenciam as ações, como muitos imaginam. A relação entre crises geopolíticas e flutuações nos mercados não é tão simples como parece.

Nos seis meses que se seguiram ao início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, o Dow caiu mais de 30%. Uma vez que a guerra basicamente paralisou o mundo dos negócios e a liquidez do mercado praticamente secou, ​​foi tomada a decisão de fechar o mercado acionista. Esta situação durou seis meses, o período mais longo alguma vez registado. Após a reabertura e, para compensar o tempo perdido, o Dow subiu mais de 88% em 1915 Este continua a ser o maior retorno anual do DJIA. Na realidade, desde o início da guerra em 1914 até o fim da guerra no final de 1918, o Dow subiu mais de 43%, ou cerca de 8,7% ao ano.

A Segunda Guerra Mundial teve um desfecho de mercado igualmente contraintuitivo. Hitler invadiu a Polónia a 1 de setembro de 1939, dando início à guerra. Quando o mercado abriu em 5 de setembro, o Dow subiu quase 10%. Quando o ataque à base naval dos EUA em Pearl Harbor ocorreu no início de dezembro de 1941, as ações abriram na segunda-feira seguinte em queda de 2,9%, mas demorou apenas um mês para recuperar dessa perda. Quando as forças aliadas invadiram a França no Dia D, a 6 de junho de 1944, o mercado de ações nem reagiu. O Dow subiu mais de 5% no mês seguinte.

Desde o início da Segunda Guerra Mundial em 1939 até o final em 1945, o Dow subiu um total de 50%, mais de 7% ao ano.

Portanto, durante duas das piores guerras da história moderna, o mercado acionista nos EUA subiu 115%.

A Guerra da Coreia começou no verão de 1950, quando a Coreia do Norte invadiu o Sul. Este conflito terminou no verão de 1953. Nesse período, o Dow subiu 16% ao ano, quase 60% no total.

Tropas americanas foram enviadas para o Vietnam em março de 1965. O Dow terminaria o esse ano a subir quase 10%. Quando as últimas tropas americanas foram retiradas do Vietnam em 1973, o mercado de ações subiu um total de quase 43% nesse período, pouco menos de 5% ao ano.

Em outubro de 1962, a crise dos mísseis cubanos deixou o mundo no precipício de uma guerra nuclear, quando os EUA enfrentaram a Rússia. O impasse durou 13 dias. Nesse período de duas semanas, o Dow permaneceu surpreendentemente calmo, perdendo apenas 1,2%. No que restava desse ano, o Dow subiu mais de 10%.

O ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 fez com que as ações caíssem abruptamente, quase 15% em menos de duas semanas após a tragédia. A economia já estava numa recessão naquela altura e as ações estavam em queda livre com o estouro da bolha das dotcom. Mas após alguns meses, o mercado acionista recuperou todas as perdas que ocorreram após o 11 de setembro.

Os EUA invadiram o Iraque em março de 2003. As ações subiram 2,3% no dia seguinte e terminaram o ano com um ganho de mais de 30% a partir desse momento. Embora seja importante notar que esses ganhos vinham do brutal bear market de 2000-2002.

O ponto aqui é que a reação do mercado à guerra e às crises geopolíticas pode ser contraintuitiva. É sempre difícil saber como vão reagir os investidores a determinados eventos, porque grande parte da reação do mercado a esses eventos depende do contexto.

Não faço ideia do que este conflito no Irão significará para o mundo em geral, mas mesmo que soubéssemos exatamente quais seriam as notícias dos próximos meses sobre este assunto, provavelmente não nos ajudaria do ponto de vista dos investimentos. Os mercados nem sempre respondem aos eventos geopolíticos da maneira que antecipamos.


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