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Autoria
Ben Carlson
Ben Carlson

Publicado originalmente em 26 de novembro de 2023 no blog A Wealth of Common Sense

Como o mercado dá forma aos investidores e aos seus portfólios

Num mundo racional, os investidores selecionariam os seus investimentos com base na sua capacidade e disponibilidade para assumir riscos.

Cada investidor teria um determinado conjunto de expetativas para as variadas classes de ativos e faria corresponder essas possibilidades com os seus objetivos de vida.

É claro que muitos investidores levam em conta o seu perfil de risco e horizonte temporal quando estão a construir um portfólio.

Porém, vivemos num mundo irracional – um mundo onde as experiências pessoais, emoções, circunstâncias, sorte e o momento dão forma, não apenas aos sentimentos, mas também aos portfólios.

A revista The Economist publicou recentemente um excelente artigo sobre a forma como os jovens deveriam pensar sobre o investimento e por que motivo não devem desanimar devido ao bear market inflacionista de 2022.

A revista aponta para um estudo da Vanguard que mostra como as primeiras experiências nos mercados podem influenciar a alocação de ativos e a forma como encaramos o investimento nos anos seguintes:

“Ordenando os portfólios dos clientes de retalho da Vanguard pelo ano em que abriram as contas, a sua equipa calculou a alocação em ações mediana em períodos de 20 anos (ver Gráfico 3). Os resultados mostram que os investidores que abriram contas durante um boom, retêm alocação em ações significativamente mais elevadas, mesmo décadas depois. O investidor médio que começou a investir em 1999, à medida que a bolha dot-com inchava, mantinha 86% do seu portfólio em ações, em 2022. Para aqueles que começaram a investir em 2004, quando a memória do rebentamento da bolha ainda estava fresco, o número equivalente é de 72%.

É possível, portanto, que os jovens investidores de hoje estejam a escolher estratégias que seguirão durante décadas.

Este é o gráfico mencionado acima:

Estes resultados são um pouco surpreendentes. A maior parte das pessoas assumem que viver o crash que se segue a uma bolha deixaria um gosto amargo na boca.

No entanto, o oposto é que é verdade. Os investidores que abriram contas nos tempos de subida mantiveram uma posição em ações superior nos anos que se seguiram.

Talvez seja a inércia, mas é óbvio que os retornos dos mercados nos anos formativos como investidor podem ter um impacto na forma como investimos.

A parte difícil é que não temos hipótese de escolher os retornos quando estamos a começar a investir. Às vezes, temos retornos bons quando somos novos, outras vezes, quando somos mais velhos.

Isto desempenha um papel importantíssimo na nossa experiência como investidores.

Calculei o crescimento de um dólar investido no S&P500 no início de cada década – começando nos anos 30 – ao longo de um período de 20 anos:

Os resultados, para não dizer outra coisa, variam muito.

Eis uma forma diferente de olhar para estes números:

Começamos a investir em 1980 e as coisas parecem muito fáceis. Começando nos anos 30 e provavelmente não quereremos ter nada a ver com as ações (podia ter ajustado estes resultados para a inflação, mas conseguem ver a ideia).

É importante notar também que “maus” mercados com retornos pobres não são necessariamente um mau desfecho para toda a gente.

Se formos poupadores líquidos, vamos preferir maus retornos, especialmente nos primeiros anos do nosso investimento.

O risco significa coisas diferentes para investidores diferentes, dependendo da etapa em que estão nas suas vidas.

Infelizmente, no investimento há muitas variáveis fora do nosso controlo.

Não conseguimos controlar o timing ou a magnitude dos retornos que o mercado oferece. Também não controlamos as taxas de juro ou a inflação ou o crescimento económico ou as ações do Fed ou dos políticos.

A vida seria muito mais fácil assim.

A única coisa que podemos fazer é concentramo-nos naquilo que conseguimos controlar – o nosso comportamento, a nossa taxa de poupança, os nossos custos e o nosso horizonte temporal.


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