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Autoria
Ricardo Brás
Ricardo Brás
Rúben Pimentel
Rúben Pimentel

Este artigo original resulta de uma colaboração com o Católica Porto Investment Club do qual os autores são membros.

Espionagem ou sobretudo receio da concorrência?

São cada vez mais comuns as guerras em que não se recorre à utilização de armas, exemplo disso foi a guerra fria, entre os EUA e a antiga União Soviética. Atualmente e ao longo dos últimos anos, muitas foram as vezes em que se verificaram momentos de tensão entre a China e os Estados Unidos da América, havendo já uma guerra comercial entre os dois países desde 2018. O cerne desta guerra, prende-se com a resposta à derradeira questão dos nossos dias, mas afinal qual é a maior potência económica mundial? 

Nos últimos 10 anos temos visto a economia chinesa a crescer constantemente a taxas superiores a 5% anualmente e a tornar-se cada vez mais num país inovador, ao contrário do seu passado claramente caracterizado pela imitação. Algo que efetivamente suscita alguma apreensão por parte do governo norte-americano. 

O mais recente caso desta guerra teve como centro da discussão a declaração de “emergência nacional” por parte do presidente Donald Trump, com o intuito de proibir empresas nacionais americanas de utilizarem equipamentos de telecomunicações consideradas como perigosas à segurança nacional, tendo já a Huawei e a ZTE sido consideradas pela Comissão Federal de Comunicações como ameaças à segurança nacional. 

O que coloca estas empresas na mira dos EUA, é a sua posição enquanto candidatas a líderes de mercado, no que toca à construção de uma rede de telecomunicações 5G, rede esta que permite uma velocidade de internet 50 vezes mais rápida que a rede 4G.  

"O que coloca estas empresas na mira dos EUA, é a sua posição enquanto candidatas a líderes de mercado, no que toca à construção de uma rede de telecomunicações 5G, rede esta que permite uma velocidade de internet 50 vezes mais rápida que a rede 4G."

Levanta-se então a seguinte questão: estarão os EUA verdadeiramente a ser alvo de espionagem chinesa ou simplesmente a colocar um entrave ao crescimento mundial das organizações chinesas? 

É sabido que nenhuma destas empresas vai beneficiar do fundo fornecido pelo governo norte-americano para a coesão territorial a nível do acesso a serviços de telecomunicação. Tal se deve ao facto de ambas serem consideradas ameaças à segurança nacional, uma vez que estão sujeitas à lei chinesa, sendo por isso obrigadas a cooperar com os serviços de inteligência da República Popular da China, de acordo com o presidente da Comissão Federal de Comunicação, Ajit Pai. 

Assim, por um lado, podemos ver estas medidas adotadas pelo Governo dos Estados Unidos como uma simples questão de asseguramento da defesa nacional do país, devido à suposta “forte ligação” destas empresas com o Partido Comunista Chinês e a sua obrigatoriedade de cooperação com os serviços de inteligência. Por outro lado, tais medidas também podem ser interpretadas como políticas protecionistas, uma vez que limitam o crescimento da Huawei e da ZTE, dado que correspondem a entraves colocados à livre circulação de mercadorias, que devido à dimensão do país em questão, os EUA,  acabam por ter um impacto negativo não só a nível nacional, pois reduzem a escolha do consumidor, mas também a nível internacional, uma vez que estamos a falar de uma economia responsável pelo escoamento de muitos produtos.  

Seguindo a ótica de Washington, também a Austrália e o Japão acusam as industriais tecnológicas de serem um instrumento de espionagem do sistema chinês, desacreditando a imagem destas perante os investidores e os consumidores. Do outro lado a negar, como era esperado, temos a China, que afirma nada ter a ver com o suposto caso, classificando esta atitude como “abuso de poder estatal” e “violação dos princípios de mercado”.  

Deste modo é assim difícil dar uma resposta direta à questão. É mais que sabido que a “primeira bala” na trade-war foi disparada pelos Estados Unidos, aquando do aumento das tarifas sobre a China em 2018. Estarão então estas medidas protecionistas verdadeiramente a servir o interesse do povo americano? Ou serão apenas barricadas de forma a impedir o avanço chinês? 


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