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Autoria
Emília O. Vieira
Emília O. Vieira

Aqueles que perseguem dois coelhos não apanham nenhum
" Confúcio "

Excerto da Carta a Clientes 1T2023:

No primeiro trimestre as carteiras de gestão discricionária tiveram uma rentabilidade média de 17,19% e o Fundo PPR Casa Global Value teve uma rentabilidade de 17,71%. Estes números comparam com uma rentabilidade de 5,83%% para o MSCI World. Este foi o nosso melhor trimestre de sempre. 

O que mudou face ao ano anterior? 

Os problemas que identificámos no ano passado mantêm-se: 

  • a inflação continua elevada, há pressão sobre os salários e as taxas de juro subiram,
  • o ambiente de grande incerteza,
  • o FMI reviu em baixa crescimento económico mundial,
  • as subidas de taxas poderão criar grande instabilidade no setor financeiro.

Sobre a situação que se vive no setor bancário, escrevemos a carta de 16 de março sobre a falência do SVB e sobre a derrocada do Credit Suisse, entretanto adquirido pelo União de Bancos Suíços. Nos Estados Unidos, os problemas com os bancos regionais agravaram-se, sobretudo motivado pelo medo dos depositantes que fizeram levantamentos em massa, procurando mais segurança junto dos grandes bancos e investindo em títulos que não os exponham aos balanços dos bancos. Estes acontecimentos e as possíveis implicações na estabilidade das instituições financeiras, levam muitos a acreditar que este fator é determinante para conter as subidas de taxas de juro. Nos Estados Unidos acredita-se que o final do ciclo de subida de taxas estará perto. 

Efetivamente, nada mudou. O ambiente económico mantém-se e as empresas que temos em carteira continuam com excelentes desempenhos. O que mudou foi a atitude dos investidores e as suas expectativas quanto ao que pode ser o desempenho económico nos próximos meses. 

A valorização em bolsa das grandes empresas tecnológicas durante o primeiro trimestre mostra que os mercados começam agora a diferenciar as empresas tecnológicas seguras e que tinham sido excessivamente penalizadas no último ano, das empresas tecnológicas cujos modelos de negócios não estão ainda comprovados. O facto dos mercados anteciparem um abrandamento na subida de taxas de juro levou a que os ativos de maior duração (empresas com maior crescimento potencial e obrigações com maturidades longas) tenham recuperado neste primeiro trimestre. 

Não sabemos se as taxas continuarão a subir e também achamos que não é esse o nosso trabalho. O nosso trabalho é assegurar-nos que estamos investidos em empresas com negócios robustos e altamente lucrativos e que são suportados por balanços fortes. Independentemente do que possa acontecer no curto prazo com as taxas de juro, estamos focados em acompanhar os negócios que temos em carteira e avaliar a sua capacidade de comporem retornos acima da média a longo prazo.

ATIVIDADE DA CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

O nosso objetivo é construir um portfolio concentrado de 25 a 30 negócios excecionais. Idealmente, gostaríamos de manter estes negócios em carteira por muitos anos. Isto significa que mantemos os custos de transação baixos e que temos conseguido identificar as empresas vencedoras a longo prazo. 

Os nossos Clientes perguntam-nos frequentemente como construímos o nosso portfólio, como decidimos quanto investir em cada empresa? Que fatores consideramos na determinação dos pesos alvo das posições no portfólio? 

No Manual do Investidor (que oferecemos aos participantes na Assembleia Anual de Clientes realizada em 25 de fevereiro em Braga) explicamos que na determinação dos pesos alvo levamos em conta a qualidade do negócio, a solidez do seu balanço, a nossa margem de segurança, e os tipos de riscos ou características que o negócio pode trazer para o nosso portfolio. As nossas 10 maiores posições estão tipicamente concentradas nas ideias com maior convicção e sobre as quais temos maior previsibilidade sobre os cash-flows futuros. 

Consideramos também o papel que cada empresa desempenha no nosso portfolio. As empresas defensivas exibem cash flows altamente previsíveis, independentemente do ciclo económico. Estas empresas encontram-se, habitualmente, numa fase mais madura do ciclo económico e, como tal, os seus lucros crescem a um ritmo mais lento. No outro extremo do espectro, estão os negócios de natureza mais cíclica. Tipicamente, estas empresas estão mais expostas às flutuações do ciclo económico e, por isso, exibem um perfil de cash flows mais incerto. No centro estão as nossas máquinas de fazer dinheiro de elevada qualidade que beneficiam de ventos seculares favoráveis para crescerem. A implementação desta filosofia deverá ajudar-nos a construir um portfolio que é altamente resistente aos ciclos económicos. 

Para dar corpo a esta estratégia aproveitámos as valorizações do trimestre, para reduzir algumas posições que valorizaram, e que têm um perfil mais cíclico, e reforçar posições em títulos com fortes vantagens competitivas e ventos seculares favoráveis. 

PERSPETIVAS

A economia global está a ser forçada a adaptar-se a um ambiente de taxas de juro mais elevadas. A era do dinheiro barato chegou ao fim. Passados 14 anos de taxas de juro perto de zero ou negativas o valor temporal do dinheiro volta a ser relevante e ditará a “sorte” de muitos investimentos. 

Os últimos dois anos têm sido uma montanha-russa de incerteza para os mercados financeiros. Desde uma pandemia global, inflação galopante e receios de uma recessão devido ao colapso do Silicon Valley Bank, o Sr. Mercado tem tido muito com que se preocupar. O nosso portfolio está a subir mais de 17%, recuperando parte significativa das perdas do ano passado. Embora satisfeitos com esta performance, não nos focamos no curto prazo. Para os donos de negócios, o que realmente importa é a criação de riqueza ao longo do tempo. 

Não sabemos como os mercados se vão comportar nos próximos trimestres. A única coisa que conseguimos controlar é assegurarmo-nos que nos mantemos fiéis ao nosso processo de investimento nestes tempos desafiantes e mantermo-nos investidos em negócios excecionais que têm a capacidade de capitalizar lucros no longo prazo. Estes negócios não são imunes a retrações, mas continuam a ser os “cavalos” que queremos apoiar, independentemente do ambiente económico. 

Em resumo, o que procuramos fazer é simples: comprar excelentes negócios, bem geridos e a preços sensatos. Depois, é deixá-los compor retornos acima da média ao longo do tempo. E isto é que é difícil de fazer. Exige temperamento adequado para suportar as flutuações das cotações e o ruído de mercado. 

O que esperamos é convencer os nossos Clientes a juntarem-se a nós nesta viagem. 


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