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Todos padecemos de vieses cognitivos.
Cada um destes vieses existe por uma razão: poupar tempo e energia aos nossos cérebros (os vieses são atalhos que nos permitem chegar às respostas mais depressa. Por vezes, infelizmente, a resposta a que nos permitem chegar está errada).
Os vieses ajudam-nos a enfrentar quatro tipos de problemas: Excesso de informação, falta de significado, a necessidade de agir depressa e como saber o que é necessário recordar mais tarde.
Há demasiada informação no mundo e não temos outra escolha se não filtrar a maior parte. O nosso cérebro utiliza alguns truques simples para escolher os pedacinhos de informação que, provavelmente, poderão vir a ser úteis no futuro.
O mundo é extremamente confuso e acabamos por ver apenas uma pequena fatia, mas temos necessidade que ele faça algum sentido para que possamos sobreviver. Quando o reduzido fluxo de informação (filtrada pelos vieses do ponto anterior) chega a nós, ligamos os pontos, preenchemos as falhas com aquilo que julgamos já saber e atualizamos os nossos modelos mentais do mundo.
Somos constrangidos pelo tempo e pela informação, mas não podemos deixar que isto nos paralise. Sem a capacidade de agir depressa face à incerteza, teríamos com certeza perecido como espécie há muito tempo. Com cada pedaço novo de informação, precisamos de fazer o nosso melhor para avaliar a nossa capacidade de afetar a situação, aplica-la às decisões, simular o futuro para prever o que pode acontecer de seguida e, desta forma, agir com base nas nossas conclusões.
Existe demasiada informação no Universo. Só nos podemos dar ao luxo de manter por perto os pedaços que, pensamos nós, poderão ser úteis no futuro. Temos que, constantemente, apostar no que devemos recordar ou esquecer. Por exemplo, preferimos generalizações porque ocupam menos espaço. Quando existem demasiados detalhes, escolhemos os que se destacam e esquecemos o resto. Aquilo que poupamos aqui está diretamente relacionado com os filtros que utilizamos no problema 1 (excesso de informação) assim como com os processos que utilizamos ao lidar com informação incompleta no Problema 2. No final de contas, trata-se de um ciclo autoalimentado.
Não é necessário. Mas pode começar por se recordar destes quatro problemas gigantes que os nossos cérebros evoluíram ao longo de milhões de anos para enfrentar:
Para não nos afogarmos no excesso de informação, os nossos cérebros precisam de filtrar quantidades absurdas de informação e rapidamente, quase sem esforço, decidem o que, daquela torrente, é realmente importante.
De forma a construir significado dos pedaços de informação que atraem a nossa atenção, precisamos de preencher as falhas e encaixá-los nos nossos modelos mentais. Precisamos também de nos assegurarmos que tudo se mantém razoavelmente estável e tão preciso quanto possível.
Para agirmos depressa, os nossos cérebros são obrigados a tomar decisões em frações de segundo que podem impactar as nossas hipóteses de sobrevivência, segurança ou sucesso, e devem fazê-lo com a confiança de que terão sucesso.
E para conseguir fazer isto de forma tão eficiente quanto possível, os nossos cérebros precisam de recordar os pedaços mais importantes e úteis da nova informação e informar os outros sistemas para que se adaptem e melhores, mas não mais que isso.
Será, no entanto, importante recordar que as soluções para estes quatro grandes problemas têm, por seu turno, os seus próprios problemas.
Não há nada que possamos fazer para eliminar definitivamente estes quatro problemas, mas se aceitarmos que somos enviesados, conseguiremos compreender-nos, e aos outros, melhor.
Os vieses cognitivos são apenas ferramentas, úteis em determinados contextos e até desempenham o seu papel de forma bastante eficiente. Mais vale familiarizarmo-nos com eles e, reconhecendo que eles existem, tentar aproveitá-los para processar de forma eficiente o universo que nos rodeia.