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No passado dia 29 de outubro, na FNAC do Chiado, a Casa de Investimentos e O Jornal Económico colocaram em debate “O Investimento em Valor”. A iniciativa procurou assinalar o Dia Mundial da Poupança e foi ainda o mote para a apresentação de “O Livro do Investimento em Valor” - primeiro volume da coleção “Biblioteca da Casa” -, que vem reforçar a aposta na promoção da literacia financeira por parte da CASA.

Emília Vieira, Fernando Alexandre, Pedro Pita Barros e Ricardo Pires Silva foram os oradores, num painel que procurou refletir sobre os desafios que algumas das transformações na sociedade – como o aumento da Esperança Média de Vida, o saldo demográfico deficitário, e a consequente insustentabilidade do já débil sistema de segurança social – hoje nos colocam.

A CEO da Casa de Investimentos começou por apresentar a ideia base do livro: “a sua simplicidade é aquilo que fazemos: investir em valor, quer seja num imóvel, numa quinta, em ações ou obrigações… faz todo o sentido quando compramos o ativo a desconto – comprar barato um ativo de grande qualidade – isso é que é investir em valor”.

Decidimos criar uma chancela – “Biblioteca da Casa” – através da qual vamos continuar a publicar livros para ajudar a que as pessoas percebam melhor o que é investir em ações, a classe de ativos que melhor remunerou o capital nos últimos mais de 100 anos. O que nós queremos é chegar com este conhecimento a mais pessoas para que construam a sua vida com margem de segurança.

A este propósito, Fernando Alexandre, docente na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, colocou a questão: “numa economia que não cresce, como é o caso da economia portuguesa, onde é que as famílias colocam o seu capital?”

Para o Professor Universitário, as famílias portuguesas evitam o mercado bolsista, não só como um investimento, mas também como um instrumento de poupança.

Olhando para o PSI 20, que só ganhou alguma dinâmica quando a banca deu incentivos para comprar ações, só 5% das pessoas têm ações em Portugal.

Em linha com Pedro Pita Barros, que revelou que a maioria das empresas portuguesas recorrem “às contas bancárias como um instrumento de poupança”, Fernando Alexandre explicou que “mais de 60% da riqueza financeira são depósitos a prazo, no valor de quase 140 mil milhões de euros, aproximando-se do PIB português.”

Em Portugal, a taxa de poupança das famílias atingiu mínimos históricos, cifrando-se nos 4%, contrastando com a média dos países que integram a zona euro (12%) e a União Europeia (10%). Apesar dos diferentes instrumentos de poupança, as famílias portuguesas ‘fogem’ do mercado de capitais e apostam mais em ativos fixos, como a casa própria, “um ativo muito ilíquido para fazer face a eventuais choques que possam acontecer”, considera Pita Barros. “É algo que ocorre nos povos do sul da Europa”, avançou o Professor da Universidade Nova de Lisboa, sugerindo que é algo cultural, um comportamento que contrasta com o norte da Europa, como a Suécia e a Dinamarca. “Mas isto é apenas uma das partes”, sustenta.

A outra parte cultural que podemos perguntar é: e as pessoas planeiam ou não planeiam?

“Nós temos, de facto, esta questão do aumento da esperança média de vida, o aumento do tempo de vida na idade da reforma, o que significa que vamos ter um menor tempo relativo de acumulação de riqueza para depois a usarmos se a quisermos usar, o que traz toda a questão sobre como se investe no longo prazo para estas discussões. Portanto, nós temos que pensar o que faz diferença neste planeamento de longo prazo. Nós podemos vir a ter falta de rendimento, a poupança não chegar para as despesas que queremos ter, podemos ter despesas inesperadas de saúde. Eu diria que tenho diversos tipos de risco que me devem fazer pensar como é que os meus investimentos se podem ajustar a estas lógicas. E, portanto, nós devemos perguntar como é que organizamos a vida financeira para fazer face a estes riscos.”

O risco, contudo, parece ser, a par do desconhecimento dos instrumentos financeiros, o principal fator que afasta as famílias portuguesas do mercado de ações, ideia contestada por Ricardo Pires Silva, Diretor-Executivo da SAS Portugal, que encara o investimento em ações como o seu principal instrumento de poupança: “o mercado bolsista não é, necessariamente, um ‘casino’”. Veja-se o exemplo norte-americano.

"Desde 1950, o mercado cresceu durante 75% do tempo. E no mesmo período, a economia cresceu 77%. É interessante participar num mercado que esteja a crescer na grande maioria do tempo. Desde que feito de forma bem implementada, com disciplina e paciência, o mercado de capitais deixa de ser um casino.”

Emília Vieira encontra também uma explicação cultural para o afastamento das famílias portuguesas do investimento numa carteira de ações enquanto instrumento de poupança. No entanto, embora compreenda que “poupar é difícil e investir não é fácil”, este comportamento sugere que “as pessoas confundem o risco com a volatilidade”. E explica:

O risco é a probabilidade de perda permanente de capital e a volatilidade é a variação de preço; e essa é uma oportunidade para comprar barato ou vender caro.

Neste sentido, “o nosso objetivo é, sempre, comprar o ativo por menos do que ele vale”, ideia desenvolvida no “Livro do Investimento em Valor”, no capítulo “Compre um dólar por 66 cêntimos”.

Outra das questões realçadas no livro, por Pita Barros, é o planeamento e o horizonte de investimento. “A primeira questão é sabermos se conseguimos mudar esse aspeto central da nossa forma de estar. A segunda é saber também se conseguimos equilibrar melhor a utilização dos diversos instrumentos. Entre risco e retorno, como é que as nossas preferências mudam, mas também pensar a liquidez para reagir a eventos financeiros inesperados. E conforme temos uma população que vive mais tempo em idade de reforma, mais provável é que possam ter um dia uma necessidade inesperada de saúde, para a qual depois não têm capacidade de resposta porque o único investimento grande que têm é uma casa”, concluiu o Professor Universitário.


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