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Autoria
Ben Carlson
Ben Carlson

Texto publicado originalmente no blog A Wealth of Common Sense em 13 de junho de 2023

É por isto que devemos manter o rumo

O ano passado foi um dos piores anos de sempre para os mercados financeiros.

Chamemos-lhe recência ou aversão à perda ou qualquer outro viés descoberto por Daniel Kahneman, mas, por alguma razão, os nossos cérebros estão programados para assumir que a grandes perdas seguem-se sempre perdas adicionais, tal como assumimos que a grandes ganhos se seguirão novos ganhos. (Obviamente que isto não se aplica a todos nós. Há sempre pessoas que remam contra a maré.)

O problema com as grandes perdas no mercado de capitais é que, por vezes, elas são seguidas por mais perdas… mas, às vezes, são seguidas por grandes ganhos.

No quadro abaixo, podemos ver todas as quedas superiores a 10% no S&P500 desde 1928 e os retornos do ano seguinte:

Historicamente, após um ano mau, temos uma enorme recuperação ou perdas adicionais.

O rally a que temos assistido em 2023 – o S&P500 está a subir quase 14% e o Nasdaq 100 sobe quase 27% - não era um dado adquirido. Se a inflação se tivesse mantido elevada, poderia ter sido pior ou se entrássemos em recessão ou se qualquer outro motivo surgisse de surpresa.

Independentemente do desfecho, esta é uma excelente lição no que diz respeito ao poder de mantermos o rumo como investidores. E eu acredito que manter o rumo é a coisa certa a fazer, quer as ações tivessem caído ainda mais ou quer tivessem subido que nem foguetões.

Porquê?

Qual é a alternativa? Adivinhar o que vai acontecer a seguir? Boa sorte com isso.

Mesmo os profissionais não fazem ideia do que vai acontecer a seguir nos mercados.

No início do ano, Sam Ro publicou uma lista de previsões de 16 das maiores empresas de Wall Street para o nível do S&P500 no final de 2023:

O S&P500 terminou 2022 à volta dos 3840 pontos, portanto alguns analistas esperam perdas ligeiras em 2023 e a maioria espera ganhos ligeiros.

Faz sentido que Wall Street não estivesse particularmente entusiasmada considerando que o mercado caiu quase 20% em 2022.

Estamos quase a meio do ano e ainda é cedo para avaliar estas previsões, mas, com base no nível atual, o mercado já bateu as expetativas.

Na altura em que escrevo este texto, o S&P500 está a transacionar à volta dos 4370 pontos.

Portanto, o mercado já subiu mais do que qualquer destes analistas, exceto o Deutsche Bank, tinha previsto para o ano inteiro.

Os analistas, no entanto, não ficam à espera para ver se as previsões originais se vão materializar. Agora que as ações já estão a subir dois dígitos desde o início do ano, muitos estrategas de Wall Street estão a rever em alta as suas previsões.

Os estrategas de Wall Street ficam pessimistas quando as ações caem e otimistas quando elas sobem. Não estou a partilhar isto para fazer pouco de Wall Street.

O objetivo deste exercício é provar o quão difícil é fazer previsões acerca do futuro, especialmente se forem sobre movimentos de curto prazo dos mercados de ações.

Quando as ações caem, as nossas emoções fazem-nos pensar que elas vão cair ainda mais. E quando as ações sobem, as nossas emoções fazem-nos acreditar que vão subir ainda mais.

É por isto que sou um fervoroso adepto de ter um plano de investimento ao qual sejamos capazes de nos manter fiéis em qualquer ambiente económico ou de mercado.

Manter o rumo significa remar contra as nossas próprias emoções, às vezes.

Manter o rumo significa pensar e agir no longo prazo mesmo que, no curto prazo, não nos pareça o mais acertado.

Manter o rumo significa preparar, não prever.

Manter o rumo significa não fazer nada, quando o nosso plano assim o dita.

Infelizmente, não fazer nada é um trabalho muito duro porque os mercados estão permanentemente a tentar-nos para que façamos ajustes na nossa carteira.

Isto recorda-me de uma parábola antiga sobre um serralheiro que, quando era um humilde aprendiz, tinha muitas dificuldades em arrombar fechaduras. Ele via-se forçado a utilizar todo o tipo de ferramentas e demorava muito tempo a abrir as portas quando as pessoas se trancavam fora de casa ou do carro. As pessoas, no entanto, viam-no a suar e o seu esforço era tão evidente que o recompensavam com gorjetas mais gordas.

Porém, à medida que o serralheiro, lenta, mas seguramente, aprendia os truques do ofício, era capaz de abrir as fechaduras mais depressa e com menos esforço. O problema é que as gorjetas eram cada vez menores porque as pessoas não tinham de esperar muito tempo para entra em casa ou no carro. Ele fazia o trabalho parecer fácil demais.

Nesta história está uma boa lição sobre os investimentos.

Os investidores inteligentes sabem que o esforço está inversamente relacionado com os resultados nos mercados acionistas. Só porque nos esforçamos mais e se fazem mais trades, isto não garante melhores resultados. Na realidade, fazer mais coisas, muito frequentemente, só prejudica a performance de investimento.

Fazer menos ou nada, na maior parte do tempo, é a forma certa de agir para a maior parte dos investidores.

É por isto que devemos manter o rumo.


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