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Lynda Gratton, Professora na London Business School, acredita que viver mais tempo exige a indivíduos e empresas que alterem a forma como encaram as suas carreiras, transições na vida e a reforma.

Lynda argumenta que a trajetória das nossas vidas – profissional e pessoal – se mantém aprisionada numa mentalidade que se aplicava quando as vidas eram muito mais curtas. Nesta entrevista, Gratton recorre ao seu livro, “The 100-Year Life: Living and Working in an Age of Longevity”, para explicar por que razão as vidas estão a passar de duas fases para três e o que isso implica não apenas para os indivíduos mas também para empresas e até governos.

“Um dos factos mais fundamentais acerca de se viver até aos 100 anos é que se pouparmos a uma taxa normal e nos quisermos reformar com 50% do rendimento final, teremos que trabalhar até aos 80 e poucos anos. Isto é um facto. Nenhum governo dirá isto porque não seria reeleito, mas é verdade.”

Lynda apresenta-nos três cenários de vida

“Analisemos a vida de três pessoas. Jack, que faleceu aos 70 anos. Jimmy, que viverá até aos 80 ou 90 e que tem agora 40 anos; provavelmente viverá mais. E Jane, que tem agora 20 anos. Previsivelmente, Jane atingirá os 100 anos de idade.

Por que razão haveria a Jane de se precipitar? Não fará mais sentido analisar as opções à sua disposição e então fazer escolhas? Estamos já a ver isto. Não surpreende que os jovens se casem cada vez mais tarde. Que construam a sua casa mais tarde ou que tenham filhos mais tarde. As suas carreiras iniciam-se mais tarde.

Isto tem duas grandes consequências. A primeira é que quando novas etapas surgem, as transições tornam-se muito importantes. O mais interessante numa vida com três etapas é que, de facto, apenas existem duas: Uma transição educação-trabalho e depois trabalho-reforma.

E, em segundo lugar, e isto é muito profundo: a vida de Jimmy tinha uma cadência estabelecida. Todos estudavam ao mesmo tempo que Jimmy. Todos iam à escola. Todos se reformavam na mesma idade. A vida de Jane não tem cadência. Ninguém, atualmente, faz tudo ao mesmo tempo ou ao mesmo ritmo que os outros.

Quando pensamos nas implicações para as políticas ou empresas, o fim desta cadência é uma delas. Dentro das empresas, é fácil imaginar que, se soubermos a idade de alguém, sabemos em que estágio da vida essa pessoa está. Mas se desligarmos a idade do estágio, de repente podemos estar a estudar na universidade aos 60. Ou a construir um portefólio aos 20. Podemos explorar aos 70 ou aos 17."

O que significam vidas mais longas para os negócios?

“O que significa isto então para as empresas? O mais óbvio é, não reformem as pessoas aos 60. É a ideia mais louca. Parem. Vai causar problemas enormes no futuro. Deixem as pessoas trabalhar até quando quiserem. Isso significa que as pessoas são mais saudáveis cognitivamente.

Em segundo lugar, as pessoas não vão querer uma carreira de três etapas. Vão querer saltar fora. Vão querer aprender coisas novas. Fazer um ano sabático. Vão pensar as suas carreiras de forma mais criativa.

Onde acontecerá esta mudança? Serão os governos? Não, eles têm que ser eleitos. Se reparar, os governos não alteram significativamente as idades de reforma.

Serão as empresas? Sim, mas provavelmente muito lentamente. As mudanças ocorrerão ao nível do indivíduo. Iremos testemunhar – já o fazemos – muitas experiências à medida que as pessoas, individualmente, nas suas comunidades e nas suas famílias, começam a construir vidas sustentáveis para o longo prazo.”


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