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Autoria
Emília O. Vieira
Emília O. Vieira

Warren Buffett investe há 8 décadas. No dia 30 de agosto completará 93 anos.

Se Warren Buffett tivesse começado a investir aos 30 anos e se tivesse reformado aos 60, provavelmente poucos saberiam quem era. Sim, 97,5% da sua fortuna foi ganha após a idade de reforma.

Construiu uma das maiores fortunas do mundo investindo em ações. Por vezes comprando a empresa toda outras vezes comprando ações de empresas cotadas em bolsa. Popularizou a filosofia de investimento em valor, ensinada pelo seu professor Benjamin Graham, o autor do livro “O Investidor Inteligente”.

Mais de dois mil livros já foram escritos sobre Warren Buffett e sobre a forma como construiu a sua fortuna. Apesar de muitos serem excelentes, poucos valorizam o facto de Buffett ser investidor há cerca de 8 décadas. A sua fortuna não se deve apenas ao facto de ser um investidor excecional, mas sobretudo ao facto de o ser desde tenra idade.

Quando Warren Buffett fez 50 anos, a sua fortuna estava avaliada em cerca de 300 milhões de dólares. Quando atingiu a idade da reforma, valeria cerca de 3 biliões. Em agosto de 2023 é de 121 biliões. Sim, 97,5% da sua fortuna foi ganha após a idade de reforma.

Se Warren Buffett tivesse começado a investir aos 30 anos e se tivesse reformado aos 60, provavelmente poucos saberiam quem era. A lição importante a tirar da vida de Buffett como investidor é que o rendimento composto funciona e que a filosofia de valor o potencia. Um pequeno crescimento, ainda que de uma base pequena, serve como alavanca para o crescimento futuro, levando a resultados que desafiam a lógica. 

De uma forma geral, as pessoas subestimam o que é possível, de onde vem o crescimento e ao que pode levar a conseguir. Investir bem não significa necessariamente conseguir os maiores retornos em todos os investimentos (esses tendem a ser raros). Investir bem é conseguir retornos bons que se possam manter e repetir pelo maior tempo possível. É neste caso que o rendimento composto ganha velocidade. Embora Buffett não seja o investidor que conseguiu a rentabilidade mais elevada ao longo do tempo, foi sem dúvida o que construiu a maior fortuna.

Da carta que Buffett escreveu aos acionistas em 2015, destacamos um excerto excecional:

Os nossos resultados nos investimentos beneficiaram de um vento de cauda fortíssimo. No período compreendido entre 1964 e 2014, o S&P 500 subiu de 84 para 2059. Isto significa, com dividendos reinvestidos, um retorno acumulado de 11196%. Simultaneamente, o poder de compra do dólar perdeu uns estarrecedores 87%. Este declínio significa que o que custa agora um dólar custaria 13 cêntimos em 1965. 

Esta performance tão distinta entre as ações e o dólar contem uma mensagem importantíssima para os investidores. No relatório anual de 2011, definimos o investimento como “a transferência, agora, de poder de compra para outros com a expectativa razoável de receber mais poder de compra – após impostos – no futuro

A conclusão, pouco convencional, porém inescapável a tirar dos últimos cinquenta anos é que tem sido muito mais seguro investir numa coleção diversificada de negócios americanos do que investir em títulos – obrigações do tesouro, por exemplo – indexados à moeda americana. Isto aconteceu também no meio século precedente, um período que incluiu uma Grande Depressão e duas guerras mundiais. Os investidores devem prestar atenção a esta lição. De uma forma ou outra, esta história repetir-se-á durante o próximo século.

Os preços das ações serão sempre mais voláteis que os ativos indexados ao dinheiro. No longo prazo, contudo, estes ativos são mais arriscados – muito mais arriscados – do que portfólios diversificados de ações compradas ao longo do tempo e mantidas em carteira de forma a minimizar taxas e comissões. Esta lição não é habitualmente ensinada nas escolas de gestão onde a volatilidade é vista, quase universalmente, como equivalente ao risco. Esta assunção pedagógica, embora fácil de ensinar, é completamente errada: a volatilidade está muito longe de ser sinónimo de risco. As populares fórmulas que confundem os dois termos levam estudantes, investidores e presidentes de empresas por maus caminhos.

É, obviamente, verdade que ter ações um dia, uma semana ou um ano é bastante mais arriscado do que ter dinheiro em obrigações do tesouro. Isto é importante para determinados investidores – bancos de investimento, por exemplo – cuja viabilidade pode ser ameaçada por quedas nos preços dos ativos e que podem ser obrigados a vender títulos em mercados deprimidos. Qualquer entidade que tenha necessidades de financiamento de curto prazo deverá manter quantias apropriadas em obrigações de tesouro e depósitos a prazo.

Para a esmagadora maioria dos investidores, contudo, que podem – e devem – investir com um horizonte de investimento de décadas, os declínios nas cotações não são importantes. A sua atenção deve estar concentrada na obtenção de ganhos significativos de poder de compra ao longo da sua vida de investimentos. Para estes investidores, um portfólio diversificado de ações, compradas ao longo do tempo, é muito menos arriscado que títulos indexados ao dólar.

Se, ao invés, o investidor teme a volatilidade dos preços e a encara, erroneamente, como medida de risco, ele pode, ironicamente, acabar por fazer coisas muito arriscadas. Recordemos os comentadores que há seis anos lamentavam os preços a cair e aconselhavam o investimento em “seguras” obrigações do tesouro ou depósitos a prazo. As pessoas que ouviram este sermão e seguiram os seus conselhos estão agora a receber uma ninharia dos investimentos que, pensavam elas, iriam financiar uma reforma agradável. (O S&P estava nessa altura abaixo dos 700; agora ronda os 2100.) Se não fosse pelo medo de uma volatilidade de preços sem significado, estes investidores teriam assegurado para si um bom rendimento vitalício se tivessem simplesmente comprado um fundo de índice de baixo custo cujos dividendos cresceriam ao longo do tempo assim como o capital inicialmente investido (com muitos altos e baixos, sem dúvida).

Os investidores podem, como é óbvio, com o seu próprio comportamento, tornar as ações altamente arriscadas. E muitos fazem-no. “Trading” ativo, tentativas de adivinhar o mercado, diversificação inadequada, o pagamento de comissões elevadas e desnecessárias a gestores e conselheiros e a alvancagem podem destruir os retornos de que um investidor em ações de muito longo prazo poderia beneficiar. De facto, a alavancagem não tem lugar no estojo de ferramentas de um investidor: Tudo pode acontecer em qualquer altura nos mercados. E nenhum comentador televisivo, economista ou conselheiro – e muito menos Charlie e eu – consegue dizer-nos quando se instalará o caos. Os profetas do mercado enchem os nossos ouvidos, mas nunca encherão as nossas carteiras.”


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