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Autoria
Chris Mayer
Chris Mayer

Artigo publicado a 19 de janeiro de 2021 no blog da Woodlock House Family Capital

Os Melhores Investidores de Todos os Tempos

Quem são os melhores investidores de todos os tempos?

Provavelmente pensou em Warren Buffett ou Peter Lynch ou John Templeton ou outro famoso gestor de dinheiro, passado ou presente.

Mas alguma vez pensou na família Walton, nos irmãos Rales ou em Jeff Bezos?

Porque não?

Sim, tendemos a pensar neles como empresários. No entanto, eles são proprietários de fatias de empresas cotadas tal como qualquer outro investidor. Neste caso, as empresas cotadas são Walmart, Danaher e Amazon, respetivamente. Os retornos nestas ações tem sido, bem… digamos apenas que são a inveja de qualquer gestor de dinheiro que queiramos nomear.

Pensemos em Sam Walton por um momento. Ele tinha 44 anos quando abriu a primeira loja Walmart, em 1962. Em 1970, fez o IPO da empresa, que gerou cerca de 5 milhões de dólares – número que, hoje em dia, não parece muito. A família Walton manteve 60% da empresa, o que significa que a avaliação global era cerca de 13 milhões. A participação da família Walton valia cerca de 8 milhões.

Em 1985 – uns meros 15 anos mais tarde – Sam Walton era, segundo a revista Forbes, o homem mais rico da América, com uma fortuna avaliada em 2,8 biliões de dólares. portanto, de 8 milhões para 2,8 biliões em apenas 15 anos – uma valorização de 350 vezes desde o IPO. Em 1990, Sam Walton deixou de serr o CEO e passados dois anos faleceu com uma fortunada avaliada em 25 biliões, mais 10X desde 1985.

Retornos fantásticos. Como é que ele os conseguiu? Ele, simplesmente, tinha um negócio excelente e nunca vendeu. Por que motivo não fazemos o mesmo?

O que escrevi acima foi inspirado por Mohnish Pabrai, o fundador e gestor dos Pabrai Funds. Pabrai interveio na conferência MOI’s Best Ideas, na passada segunda feira. Ele falou sobre Nicholas Sleep, responsável pela gestão da Nomad Investment Partners de 2001 a 2013, e conseguiu retornos de 18% anuais. Pabrai recomenda a leitura das suas cartas.

Adoro esta mensagem e já falei e escrevi sobre isto. No meu livro, 100 Baggers, notei que muitas destas ações fantásticas têm ligado a si o nome de uma pessoa que é quase sinónimo com o negócio subjacente – de tal forma que basta dizer o nome da pessoa e adivinhamos o nome da empresa. Se dizer Bill Gates, pensamos em…

Tal como Pabrai disse, nenhum investidor profissional manteve Walmart em carteira desde o IPO até 1985. Não sabemos com certeza absoluta, talvez alguém o tenha feito. Mas o ponto é que a vasta maioria claramente não o fez. Muitos investidores compraram e venderam Walmart neste período. Com certeza, teriam tido melhores resultados se tivessem comprado e ficassem quietos – tal como fizeram os Walton.

Sleep escreveu o seguinte:

“Os investidores são, de uma forma geral, pessoas racionais (eles sabiam que a Walmart tem um negócio maravilhoso) e os gestores de fundos operam com incentivos baseados em lucros saudáveis, o que deveria levar a desfechos positivos. Assim, por que motivo ninguém, a não ser a família fundadora, manteve as ações em carteira?”

Belíssima questão. Acredito que um pouco de reflexão nesta questão poderá abrir caminho a um manancial de sabedoria no investimento.

Em primeiro lugar, temos que reconhecer que existem muitas respostas possíveis a esta questão. Uma pode ser que muitos investidores achavam que estavam a ser inteligentes e a fazer a coisa certa ao vender quando a Walmart estava a ficar cara… e a reforçar outros negócios que pareciam estar menos caros e mais atrativos. Sleep menciona esta hipótese.

No entanto, os investidores enganam-se frequentemente nestes cálculos… e errar numa ação como a Walmart pode ser catastrófico no que aos retornos diz respeito. Na realidade, qualquer venda, por qualquer motivo foi um erro (excetuando, obviamente, alguma emergência ou uma necessidade inevitável de aceder a este capital…)

Como conseguir evitar estes erros?

Penso que Sleep dá uma resposta excelente na sua carta:

“Poderíamos argumentar que muitas coisas teriam que correr bem para que a Walmart consiga crescer consecutivamente durante 40 anos. Isto é certamente verdade, mas, na essência, muito poucas coisas realmente importaram. Na nossa opinião, o motor central do sucesso na Walmart é uma orientação para a frugalidade que impulsiona o crescimento e com as poupanças partilhadas com os clientes. A cultura da empresa celebra esta orientação e reforça o bom comportamento. Esta é a realidade profunda do negócio. Isto deveria ter tido o maior peso na mente dos investidores de longo prazo mesmo que outras coisas pudessem parecer mais importantes na altura. Em vez disso, os investidores colocam demasiado ênfase nas heurísticas de avaliação, ou tendências de margens, ou taxas de crescimento incrementais, ou qualquer outra métrica de curto prazo. Estes itens, no entanto, são transitórios e anedotais na sua natureza.

A resposta à grande questão de Sleep parece assim ser que os investidores colocam demasiado peso em fatores a que o dono de um negócio não presta atenção. O dono de um negócio parece ter um conjunto de preocupações diferente e concentra-se no “motor central do sucesso” do negócio a na cultura que o mantém vivo e próspero.

Eu diria que, desde que o negócio continue a gerar fortes retornos no capital e cresça e aparente continuar a conseguir fazê-lo nos próximos anos… o melhor será deixá-lo em paz. Deveríamos até investir mais capital neste tipo de negócios.

Investir desta forma exige uma completa mudança de mentalidade. E explica por que motivo poucas pessoas não têm investimentos que sobem 100X em carteira. Eu próprio tenho telhados de vidro neste aspeto. Demorei mais de um quarto de século a chegar aqui. Forma anos de leituras e reflexão e muitos erros. Tenho muitas cicatrizes. No entanto, não sou muito mais velho que Sam Walton quando abriu a primeira loja. Ainda tenho muito tempo…

Parte dessa mudança de mentalidade significa um corte radical com a forma como filtramos processamos e pesamos a informação. Ignore as previsões económicas, os palpites para os resultados trimestrais, os modelos de avaliação ultra precisos, os gráficos, as notícias… em vez disto, descubra as “muito poucas pequenas coisas” que realmente interessam e concentre-se nelas.

E, ao contrário de um dono de um negócio, nós temos uma enorme vantagem – podemos ser donos de mais que um excelente negócio. Podemos criar um portfólio de grandes negócios. Podemos comprar uma dúzia e deixá-los crescer. Podemos estar errados nalguns e, mesmo assim, conseguir excelentes resultados.

Acho que, se formos já donos de uma empresa, temos uma maior sensibilidade sobre como nos comportarmos como investidores em empresas cotadas do que pessoas que nunca foram empresários. Pabrai fala sobre como nunca sequer quis ouvir ofertas de compra para a sociedade gestora dos Pabrai Funds. É o seu negócio. Ele nunca contemplou vendê-lo, mesmo quando interessados o abordavam. Ele simplesmente dizia, não. Porque Pabrai sabe que é um excelente negócio e acredita que vai valer muito mais no futuro.

Isto recorda-me os meus tempos no setor bancário. (Abandonei-o em 2004, depois de uma carreira de dez anos). Tinha um cliente que era dono de um negócio que ele podia ter vendido por uma quantia apreciável a uma empresa regional. Questionei-me algumas vezes se ele não deveria ter aceitado o dinheiro. Mas agora, anos mais tarde, compreendo. Ele sabia, que qualquer que fosse o número, não seria suficiente. Ele estaria a dá-lo de graça. Ele compreendia o motor central do sucesso e estava confiante que conseguiria fazê-lo funcionar durante muitos mais anos. O meu cliente estava certo. Anos mais tarde, acabou por vender o negócio. Por uma quantia inimaginável 15 anos antes.

O poder do juro composto. Nós, investidores, falamos muito do juro composto, mas, aparentemente, são os grandes empreendedores, com as suas participações imutáveis em excelentes negócios, que na realidade colhem os frutos. Devíamos aprender a ser mais como eles.

 


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